domingo, 20 de dezembro de 2009

Justiça

Quando o amor falar mais alto, terei a paz de espírito pretendida. Até lá, deixarei que todos os outros vivam no seu engano odioso, em que a felicidade se adia e o sofrimento do presente é banalizado como amor.
Até que todos os outros se transformem no monstro que sempre foram, adiarei o amor. Não preciso de mais enganos perversos, sorrisos falsos ou sofrimentos constantes. Da vida, tiro a paz e a felicidade que ela me dá. Se não a tens, e eu espero que sim, poderei finalmente chegar a conclusão que afinal, a vida é justa.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A minha carta

Com o destino, fica apenas o vencido. Ao meu lado, tenho a tua vida. Atrás de mim, apenas memórias.
As regras moldam-te. A vida transforma-te. O amor vence-te. O desejo cria-te. Eu, apenas te contemplo. E sabes porque? Porque o vencedor fica com tudo.
Percorro o mapa e o teu nome vem nas letras pequenas. Afinal, não eras uma estação, eras apenas um aviso. Não eras uma paragem, eras uma paisagem. E eu, não era uma visitante, era apenas a multidão.
E agora que te vejo, o beijo não se esquece, mas não se merece. Fica no ar entre nós dois. Tu vens, e apertas a minha mão. Olhas-me mas não avanças. Afinal, o muro continua lá. E dizias-te tu vencedor?
Fiquei com tudo, sem ti. E tu ficaste comigo, mas sem nada.

sábado, 12 de dezembro de 2009

O meu batom.





É vermelho. É poder. É meu. E lá vão os tempos em que aparecia borratado na minha boca. Agora, o vermelho funde-se com os lábios com uma força demasiado grande. Querer não basta. Desejar não chega. Temer não é suficiente.

Cuidado, voltámos aos tempos que o vermelho é poder. O vermelho do meu batom, ou o vermelho do teu sangue. A escolha é minha. Mas a dor, é unicamente tua. E não, não tens de me agradecer.

domingo, 6 de dezembro de 2009







Quando pensava que o destino nos dava cartas de felicidade, eis então que me trazes de volta a fatídica realidade.

Então, deixaste-te uma vez mais iludir pelos sonhos imaturos. Fico sem perceber se nunca irás perceber, ou se gostas realmente de sofrer. Fico sem perceber como é a tua vida. Como é seres tu e todos os outros ao mesmo tempo. Porque tu não tens apenas uma cara. Dás a vida pela aparência de algo mais, e esqueces-te de ser quem és.
Ontem, voltaste a vê-lo. Ma sabes melhor do que eu, que a tua dependência está a chegar ao fim. Não porque queres, mas porque ele sempre quis. Assim quis que tu visses e sentisses a felicidade dele, como nunca antes sentiste. Escorregou-te da mão, para a estrada e, de repente, viste-te a ser atropelada. Desvias-te o olhar. Olhaste para o chão, e quando ele já tinha passado, deixou-te para trás com o seu perfume, e a tua tristeza. A verdade já sabias, mas senti-la é diferente. Não tenho pena nem compaixão. O destino, esse, foste tu que o escreves-te. Resta-te aceitá-lo. Vive-lo. Ama-lo e mata-lo. Teu, não será. Cabe-te a ti a decisão de aceitar que seja de mais alguém.
E sabes o que mais te custa? Nunca conseguiste lutar por ele. E eu, gosto disso. Finalmente, sabes o que é desejar algo que nunca te chegou a pertencer.

E tu sorris, fingindo que o teu veneno não se espalha lentamente pelo corpo. Continuas a fingir que tens coração. Não porque queres, apenas porque precisas de uma nova vitima para sobreviver a ti própria.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A felicidade instantanea traz-me momentos de delirio. Vejo-te sem te tocar. E partes antes de te perguntar:

És real?

E acabo sempre por responder por ti:

- Sou demasiado real para o teu Mundo desenhado à mão.

A felicidade deixa-me. No final, só resto eu e as lembranças dos meus dolorosos delirios.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Mais uma noite...





As coisas pressentem-se. Depois dos meses de silencio, decidis-te regressar mais forte que nunca. Não gosto de lhe chamar destino, mas as coincidências nunca existiram. Voltaste a ter o sabor de desejo que outrora tiveste.
Afinal, o tempo nunca espera por nós. Voltei a encontrar-te numa noite chuvosa, para contrastar com as memórias quentes. O coração voltou a bater descompassadamente por um objectivo apagado. Não consegui controlar. Sempre foste uma vontade superior. Avassaladora. Incontrolável. E o que faço eu? Limito-me a deixar que tudo se apague. Deixo-me apagar das tuas memórias, com esperança que tu te apagues nas minhas.
O que queria eu? Comandar o tempo. Voltar atrás. Fazer-me inesquecível demais para ser apagada. Importante demais para uma só noite. Não sei se o fui. Mas sei que tu o foste. Deixaste o mistério para trás. Mas cuidado, o mistério que te envolve pode ser o mistério que te mata. Não duvides. Afinal, o Tempo também te comanda.
Nunca desisti. Mas não luto. Os objectivos fracassados são assim mesmo. Inconstantes e dolorosos. Tu magoas-me, e eu desprezo-te, à espera do dia em que os papeis se invertam



Por favor, dá-me novamente o meu conto de fadas.

sábado, 28 de novembro de 2009

Momentos

Ontem vi-te. A noite que nos envolvia não deixou que te envolvesse com o meu olhar. Não deixou que te visse nitidamente as feições. Não me deixou matar as saudades. Mas eras tu. Durante meses, ignorei a tua existência. Desisti de te procurar nos teus lugares. Desisti da esperança. Até que, te atravessaste mais uma vez no meu caminho.
A inocência da saía. A pureza do acto e o silêncio da noite. Tudo num só segundo. Deste-me aquilo que eu te queria dar, desprezo. Mas como sempre, antecipaste-te a mim. Do beijo à despedida. Tu sentiste-me muito antes do que eu a ti. Deixei que os contornos do momento fossem desenhados pela multidão, sem saber que fazias parte dela.
Sabes? Será que sabes a dimensão do que sou? Sabes, e por isso me desprezas. Não me julgo mais do que sou, tu é que me julgas. Julgas-me capaz de me atravessar no teu caminho. Mas eu não o fiz. E é isso que te assusta. Antecipas-te a mim, porque nunca consegues prever o meu próximo passo, sem saber que o dás primeiro que eu.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A promessa

Nesta noite dançada vou levar-te ao limite de quem sou. A realidade desce sobre nós como uma parada fúnebre. Nós ouvimos e sentimos. Mas sentimos como nunca antes sentimos. Deixamos que o toque seja a folha de papel. Deixamos que o som deixe de ser o comando da vida. Vamos renunciar às palavras. Vamos renunciar ao amor e juntos, vamos renunciar da noite. Do dia. E mais tarde, da vida.
Existe algo que não compreendemos. Existe ainda um oceano mais fundo, e uma noite mais quente. Existe algures uma sepultura onde todas as mágoas jazem. Mesmo que queira, não a encontro. E o silêncio que emana dela traz-me todas as noites as lembranças mais dolorosas. O mundo paralelo. É a perdição e o encontro. É o desejo e a loucura. É a fome e a morte. É a insustentável dor do belo, do perigo. Do amor. Da saudade.
E o sangue derramado não passa de uma celebração à vida. Nunca fiz por o ter, mas a vida dá-me tudo, e tira-me aquilo que mais quero. Prepara-te para saíres dela tão depressa quanto entraste porque eu, passei a querer-te.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

%

As lembranças atraiçoam-me quando menos espero. Gostava que o poder da palavra fosse o suficiente para me afastar. Mas não é. Custa-me imenso conviver com a dor de perto, e fingir que não a vejo. Mas ela emana de ti, para que todos nós possamos senti-la. Mas sabes porque fingimos que não sentimos? Porque seguimos o teu exemplo. O amor superior à dor eleva-te de uma maneira insuportável, imbatível, e dolorosa. Não te invejo, nem te aguardo. De ti, espero tudo e não espero nada. Manténs te escondida entre a aparência do silencio e do amor eterno, e nós mantemo-nos na aparência da ignorância e submissão.
Os caminhos traçados não se apagam. As amizades perdidas não se recuperam. A dor sentida não se esquece. O sorriso triste apenas permanece.
Quando o teu caminho se fundir com o nosso, e a desconhecida que te tornaste te magoe tanto como nos magoou a nós, não peças desculpa. Só digas olá, e finge que nada aconteceu porque nós, faremos o mesmo

segunda-feira, 16 de novembro de 2009



If you were a king up there on your throne
Would you be wise enough to let me go?
For this queen you think you own


Wants to be a hunter again
Wants to see the world alone again
To take a chance on life again me
So let me go, let me leave

sábado, 14 de novembro de 2009

Utopia

Só queria o Paraíso que me negavas. Só queria um beijo esquecido e a felicidade passada. Apetece-me gritar com a força do desejo suprimido. Da tristeza conformada e da saudade apagada. Queria tanto que soubesses os tamanhos dos meus sonhos. Mas afinal, tu sabias. Foi por isso que os estragaste. A inocência esquecida atrás do Muro do pecado traz-me de volta á realidade que escolheste para mim. No final de tudo, apenas eu me sinto traída. Traí-me a mim e a todos os outros. A única diferença, é que só eu tenho lágrimas secas para deitar. Sorrisos estragados e memórias estagnadas.
Deixei uma etiqueta com o teu nome no meu pior passado. No meu mais importante momento e mais penoso sofrimento. Deste-me os parabéns quando devias dar os sentimentos.

E, no final de tudo, sempre consegui transformar-me na utopia que desejava. Queria tudo sem ter nada. Agora, não quero nada, mas tenho tudo. A utopia da aparência satisfaz-me a mente. O corpo, esse, deixo para trás juntamente com o sonho de me pertenceres. Desisti de ti, mas nunca vou desistir de mim. Porque desistir de ti, só os vencedores o fazem, mas desistir de mim, é para os piores perdedores.

Acidentes

Naquela noite, a verdade era disfarçada pelos enganos de todos à minha volta. Não bastava um simples beijos ou empurrão para tornar a vida diferente. Já era. Mas ninguém notava.
A degradação da vida. Do corpo. Da alma, estava a falar mais alto, e fizeram-me tomar a decisão certa. O pouco poder que possuiu leva-me a escolher ficar em terra. Prefiro viver menos, e ter o Mundo na palma da mão. Conseguir fazer gira-lo ao contrario e ganhar o Mundo de todos os outros. Não porque os queira, mas acabarão por ser meus. Convenceste-me sem falares. Calas-te e mais tarde beijaste.

Afinal, não seria tudo mais fácil se os remorsos de ser quem sou não me afundassem cada vez mais? Não.

domingo, 8 de novembro de 2009

Os Homens Nao Choram

A tristeza é um estado passageiro retratado por longos silêncios. A angústia de partilhar a tristeza infinita que abala o mundo tal como o conhecemos é levada para longe por estereótipos imaturos e indolores. Não te quero ver assim, mas estás mais vezes do que aquelas que não contas. Que não sentes. Que não mostras.
O sorriso que sinto falta é apagado por o muro de recordações que criaste á tua volta. Não te deixas levar pela felicidade da vida, e eu não deixo que ela seja apagada.
Continuas a viver no engano da tristeza, combatendo-a com a aparência do silêncio. Sabes porque pai? Porque os homens não choram.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

A tarefa III

Fugi. As caras que me perseguiam colocam-me no limite das forças. Escondi entre os dedos as marcas da minha loucura. Mas sabia que não era ali que queria estar. Passei os portões da escola sem olhar para trás. Não simbolizavam nada mais do que aquilo que realmente são. A entrada do inferno. Abandonei a vida quando ela me abandonou a mim. E voltei a fugir.
A cobardia insensata que predomina em mim e o desejo insano de me salvar de todos os outros levou-me uma vez mais aquele cemitério. Voltei a passar os Portões. Não tive medo como outrora tivera. Apenas me senti sozinha, porque sabia que ali, não tinha ninguém que me ouvisse. Dirigi-me ao tumulo dele. Sentei-me e olhei demoradamente para a fotografia. Já não consigo contentar-me com aquela fotografia. Está gasta de tanto a olhar. Está vazia de tanto o esperar. Está interdita de a morte nos separar. Se gostaria de morrer? Esta não é a verdadeira pergunta. Se gostaria de viver? Apenas sobreviver.
A mulher chegou por de trás de mim e olhou-me nos olhos. Não fez perguntas. Sabia que não ia responder. Limitou-se a sentar ao meu lado e declarou:

“ As promessas são para cumprir, e eu nunca consegui cumprir a que fiz ao meu filho”

Tenho uma tarefa para terminar.

domingo, 1 de novembro de 2009

Reflexões. II

A terra é pequena demais para todos os vivos e todos os mortos que ela contem. Centenas e centenas de gerações. Amores e desgraças pisaram o chão que eu já pisei. Viveram aquilo que eu já vivi e choraram aquilo que eu ainda tenho para chorar.

Passei por aquele cemitério porque ficava na rota da minha comum vida. Decidi entrar. Sem destino e liberdade. Dirigi-me ao túmulo que figurava nas minhas ambições. Olhei em volta e não estava ninguém por perto. Sentei-me no chão. E simples acreditar no amor quando sabemos que é impossível. Ate hoje, limitava-me a lutar porque achava que tudo era possível. Depois desistia, derrotada. Gritava contra os amores impossíveis e perdia a paz de espírito. Finalmente, consigo sentir o que é a derrota. Não se trata de uma palavra, de uma pessoa ou de um momento. A única barreira da vida é a morte. Deparei-me com ela, quando olhei para o túmulo dele. A tristeza infinita abalou o Mundo que construi à altura dos meus sonhos.
Levantei-me e andei pelas secções de famílias. Histórias enterradas. Não me apetecia ir embora tão cedo. Apetecia-me desenterrar todos os segredos e vidas que não cheguei a conhecer. E dei por mim a depositar uma rosa branca no túmulo da minha vida. Se nos desencontramos, porque continuo a viver à tua espera?
Liberta-me.

sábado, 31 de outubro de 2009

A descoberta. I

Apenas mais um dia cinzento. O nome que lhe era atribuído servia de desculpa para a atribulação dos corpos. Não conseguia esperar nada mais do que aquilo que me era dado. Limitei-me a caminhar por aquele cemitério sem destino. Parava para olhar as fotos e ler as frases desprovidas de sentimento gravadas. Olhar em volta e ver os vivos a velarem pelos seus mortos. Uns choravam, outros nem sequer os conheciam.
Foi então que cheguei aquele tumulo. O branco imaculado não me surpreendeu. Só a data. Tinha a minha idade. Tinha o nome proibido. E jazia no chão que eu pisava. Consegui perceber a cara, as expressões e o sorriso. Não pisámos o Mundo no mesmo tempo, nem na mesma geração. Faleceu antes da minha chegada. E lá estava eu, a olhar para o túmulo imaculado, decorado com rosas brancas. Permaneci lá mais um bocado, esperando encontrar uma resposta. Não encontrei. Vim para casa. Não encontro ninguém que me de a paz de espírito que encontrei ali. Não e uma pergunta, é uma afirmação.

O que acontece quando as almas se desencontram?

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Pioneer the falls








Tentei aprisionar em mim as lembranças que aos poucos se vão apagando. Nunca percebi para que as quero. Também não está feito para perceber. Sei que agora, existem sentimentos sem nome, a pairar sobre mim. Tento afastá-los. Tento ignorá-los e muito depois, matá-los. Só hoje percebi que as lembranças é que me matam, e agarrada a elas vem os sentimentos sem nome e sem rosto, que me levam à loucura. Poderei morrer sem alma ou vaguear sem coração? Então porque existem recordações sem dono e sentimentos sem dor? Não sei, também nunca os tive. Li algures. Senti-los? As lembranças apagaram-se. As palavras gastaram-se. A dor agonizou-se. O presente acomodou-se. E eu finalmente conformei-me, resignada mas infeliz.


D - ‘ O presente leva-te a vida que pensas que não tens’
Ar - ‘ O presente apenas me arrasta a vida que não quero para o passado’
D - ’ Para o passado existir, tiveste de o ter primeiro. Tiveste de o sentir e concretizar em ti tudo aquilo que quiseste.'
Ar - ’ o problema, é quando não quero mais. Mas o presente escapa-me e traz me o futuro incerto. E esse, não posso julgar. ‘
D - ‘ Sabes porque? Porque sabes mais sobre ele, do que ele sobre ti. Ele pertence-te, mas tu ainda sabes’
Ar - ‘E ele virá e passará, eu vou acabar por não saber’

sábado, 24 de outubro de 2009

Lembras?

Decidi colocar a tua fotografia numa prateleira empoeirada. Decidi pegar fogo às tuas lembranças e apagar os vestígios do meu corpo. Decidi pintar as paredes de azul e os móveis de branco. Esqueci cavalo branco e a noite quente. Finalmente, deixei de sonhar contigo. Não figuras nas minhas ambições, nem nos meus receios. De ti, espero a imparcialidade de alguém invisível. E em noites como esta, em que te via do alto e te sentia mais longe do que aquilo que realmente estavas, decidi que sempre o tiveste. Apercebi-me que nunca destrui o muro. Nunca acabei com as saudades. Nunca fiz esquecer pessoas. E tu, limitaste-te a observar a minha busca pela infelicidade que me porporcionavas.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Regresso

tiveste os teus 12 dias de luto. Nao te dou nem mais um segundo. O regresso sabe-me a vinho e à melhor fantasia.

sábado, 10 de outubro de 2009

O final repete-se. Mas não interessa. Fica a história. A tua personagem, por mais que não queira, será imortalizada pelo sonho de me pertencer. De ti, fico apenas com o final triste, com o sapato de cristal e com a melodia triste. De ti, fico com a lembrança de um olhar, uma noite e uma vida. De mim, ficas com o Mundo que te dava. Ficas com o sonho. A esperança. A lágrima. A história. De mim, ficas com a idade. Com o beijo. Com a noite. Não peço mais que 5 palavras. Mas dás-me apenas uma.
Agora, vou ficar uma vez mais pela terra que te pertence. Com os amigos que são teus. Com os sorrisos e também com as lágrimas. Foste a minha ultima esperança, mas também a maior de todas. A desilusão já não sabe a isso. A tristeza já se confunde com um permanente estado de espírito. O amor já parece a saudade. A frustração uma vontade de viver. Só te pedia o Mundo. Mas nem uma Noite conseguiste dar. Não me deste escolha, não te dou razão.
Os textos já se repetem. As palavras já me enjoam. As promessas já magoam. As lágrimas já não escorrem. Chegou a altura de viver com o que se tem e parar de esperar pelo que não se tem. Sim, desisto. Desisto do Mundo, mas só porque ele desistiu de mim. Desisto da escrita, mas só porque ela já não existe . E finalmente, desisto de ti, só porque sei que nunca mais.

Era uma vez. 10 de Outubro de 2009

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Páginas

Tudo o que eu podia? Podia ser o Mundo e o refúgio. O porto e o alto mar. Podia dar-te o sol e vender-te a lua. Comprar uma estrela e queimar o céu.
E tu? Podias deixar.
Mas enquanto não tirares a armadura, continuo a figurar um mundo sem ilustrações. Tu não deixas colorir, mas eu não me deixo apagar.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Uma vez, é por acaso.
Duas vezes, é coincidência.
Tres vezes, já é qualquer coisa.

Mas sabes que mais? Nunca acreditei em coincidências.

sábado, 3 de outubro de 2009

Tiger




Pensei que a voltaria a enterrar como em tempos fiz. Mas parece que o destino a chama, quando mais ninguém o faz. Voltei a desenterrar a dor de lutar. Com ela, voltou o fogo e a esperança. A raiva e a vingança.
Prepara-te, enquanto me disseres o não, estarei à tua altura. Serei a sombra na noite e a luz no dia. Não terei paz, enquanto não disser que serás meu. Prendes-me com a recusa de me pertencer. Não encaras a vida com um jogo, mas cuidado. Estas dentro de um sem saber, e enquanto eu não for a tua rainha, não deixarás de ser o meu Rei. Mesmo que isso custe uma vida, um dia, ou uma hora.

Voltei, e pior que nunca.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

A vida não pode ter duplo significado, nem ter duas saídas. A verdade obriga-me a ser objectiva contigo, como tu foste comigo. Não vale a pena evitar por a tua essência naquilo que escrevo, se não te consigo chamar pelo nome. Vai ser o primeiro texto, e provavelmente o último, que direi com toda a certeza, que é para ti.

Vejo-me forçada por mim, a dizer tudo aquilo que nunca disse. Não por achar que é tarde demais, mas por achar que o fim me leva a dize-lo. Não o admitia nem sequer percebia quem eras, ou talvez o que significavas. Deixava os sinais do corpo e da mente alertarem para o desconhecido, e preferia acreditar que não era tão vulnerável ao teu poder. Talvez soubesses melhor do que eu. Talvez sempre o tivesses sabido. Mas eu guiava-me pelo Mundo desenhado à minha altura, em que tu apenas fazias parte dum livro. As acções irreflectidas e os medos escondidos fizeram-me assumir duas identidades. Uma acreditava, uma não. Nunca soubeste distinguir qual sou, nunca te soube dizer o meu nome. Limitavas-te a falar e eu limitava-me a responder. Aos poucos, criaste um Mundo muito maior do que o meu. Mas eu não o sentia.
Agora, em que o final esperado chegou, não escrevo com o intuito que voltes ou de relembrar o passado. Não o faço. Vou me limitar a dizer aquilo que, por muitas palavras a ti dirigidas, nunca dissera. A minha verdade. Foste aquilo que eu esperava que fosses, mas eu não fui aquilo que tu querias que fosse. Sou do tamanho das minhas emoções. Mas elas não comandam a vida. Por mais que eu queira, ou por mais que tu tivesses querido. A desilusão encontrou-me quando a tua chegou ao fim. A verdade vem com o teu nome e com as lágrimas que nunca cheguei a deitar.
A coragem falha. A minha, já falhou vezes demais. A ti, que sei que mereces. A mim, que também mereço.



The End. *

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Andanças

Cresceste de uma maneira assustadoramente maléfica. Vamos ver se és tão passageiro quanto a força dos teus beijos. Quero ver-te suportar nos ombros a força do teu poder. Sabes que o tens, apenas não o usas. Mas não tenhas medo, a armadura de que sou feita torna-me incapacitada de te pertencer mais tempo do que aquele que me permitires.
Delicia-me a forma como te colocas na minha vida, só tenho pena que sejam apenas alguns minutos. Tornas a desaparecer tão depressa quanto apareces, e deixas para trás o mistério de te ter só para mim. Não desisto, e tu sabes disso.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

V' - É hoje?
Ar- Só se for agora.
V' - Até que o alcool nos separe.


Morreram. Mas felizes.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Perigos



Gostava de te morder. Gostavas de me provocar. Gostava de te beijar. Gostavas de me olhar. O jogo do Mundo sem batota coloca-me sobre a horrível realidade do presente. Não és o meu pecado original, mas podias ser. Não és o principie, nem o monstro. És inquestionável. Seduz-me o mistério do teu poder. Mas não brinques com o fogo, não há nada a temer. Mostra-me a tua vulnerabilidade e eu mostro-te a armadura de que sou feita. Não há segredos nem preconceitos. Sou feita do conceito de que tu és feito. Mas não serei eu a primeira a ceder-te as armas. O trunfo será sempre meu. Deixa-te apenas com aquilo que melhor tens. E acredita, és forte, mas não o suficiente.

Não sou grande, apenas sou do tamanho do Mundo que me criaste. O único problema, é que quando o deixaste, esqueceste-te de apagar as armas.

sábado, 19 de setembro de 2009

She

Sabado

Poderia começar por dizer que hoje e o primeiro dia do resto da minha vida. Mas não o vou fazer. Hoje, é apenas o começo de mais um começo. A palavra finalmente não se contextualiza. Apenas me perguntei o que seria de mim hoje, e limitaram se a responder com um amanha. Mas não irei permitir que uma vez mais o futuro sirva de desculpa para o meu presente.
Tudo o que passou será isso mesmo, o passado mal relembrado. Não adianta despedidas nem remorsos. Não adianta desculpas nem perdão. Não quero. Prefiro deixar tudo como está e seguir em frente. Prefiro um presente nostálgico do que um futuro assombrado.
Hoje, existe a calma no olhar e a esperança no pensamento. Preferi que te tornasses num pedaço de papel, do que um bocado de coração. E nada nem ninguém irá mudar isso.

domingo, 13 de setembro de 2009

Say goodbye.

Nunca me custou tanto. Estás a dar as últimas. Finalmente, vejo-te passar como todos os outros. Não importa. Foste o melhor de todos os melhores. A ti, estarão presas as memórias. Podes fazer parte de mim apenas mais umas horas, mais uns minutos. Exististes.

‘Obrigado por aquilo que vivi, e eu perdoo-te por apenas me dares uma vez num ano.’

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Está nevoeiro. Todas as sombras da noite atormentam-te o espírito. Tu deixas. Sempre deixaste. Sempre pediste desculpas por seres quem és, e esqueces-te de tentar mudar. Chega. Chega de sentires remorsos por não conseguires. Não mereces tê-los. Nunca mereceste senti-los. Afundas-te ao afundar todos os outros. Mas nunca peças desculpa por isso.

Gosto. Nunca neguei. Sempre gostei de te ver sem fim nem destino. Mudas as personagens e apagas o passado. Não falas de ti, para que ninguém saiba o que foste. O que fizeste. E o que conseguiste. Tentaste vencer as memórias, mas foram elas que te venceram a ti. O mundo em que vives rompe-se com a dor das tuas mentiras. A metáfora que criaste para a felicidade impede-te de crescer. Parabéns. Vives no engano que desejas criar para os outros. Pergunto-me quando desistirás e tu perguntas-me quando desaparecerei. E eu digo-te, desaparecerei quando encarares o medo como um desafio, e não como uma derrota. Quando decidires ser gente, e parar de ser uma personagem de um livro com um final feliz.

Odeio-te demais para te conseguir amar.



Foste um erro. E os erros, jamais se voltam a cometer.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Perdi-te antes de te encontrar. Mas vou continuar a procurar-te. Vais deixar de ser uma estação.

sábado, 5 de setembro de 2009

Duplo homicidio

A raiva de te ver passa aos poucos, agora que finalmente percebi o quanto ridículo és. Sempre serviste para algo mais do que aquilo que eu estava a espera. Obrigado por me fazeres crescer de uma maneira que tu não consegues. Continuas com o mesmo olhar, o mesmo andar e o mesmo sorriso. A única diferença, é que já nada disso me pertence. Ignorar não torna tudo mais fácil ou facilmente esquecível. Torna-te na criança que sempre escondi por de trás da minha doença. Curei-me de ti e das tuas incómodas lembranças. Finalmente, o passado em que te transformas-te torna o presente mais suportável. Mesmo que estejas nele. Mesmo que ainda sinta o teu perfume. As saudades morreram contigo e com o nosso nós.

Gostei de te sentir. Gostei de te provar. E foi um prazer, matar-te.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Vestigios

Quando penso que o pesadelo terminou, ele volta. Não arranjo desculpas nem palavras bonitas para descrever. Embelezar tudo demais só torna mais difícil de aceitar.

A perdição levou a desculpa dos actos. Quando pensava que era a ultima vez, eis que alguém me provava o contrario. Sucediam-se as tentativas falhadas de encontrar aquilo que mais queria. O final triste compensava um inicio repentino. A alma solitária desculpava os actos irresponsáveis. Tudo o que ficava para trás morria com o sal e a saudade dos tempos felizes. Adiei demasiado tempo a minha chegada ao mundo real, mas ela acabou por acontecer nas tuas mãos. Em ti, tudo e diferente. Desejar-te não basta para te ter. Finalmente, a verdade do tempo assusta-me como nunca antes me assustou. Dá me os obstáculos mais difíceis e as travessias mais complicadas. Para mim, bastava não contar idades e paixões. Beijos e olhares. Ignorar o que o Mundo se esforça por dizer em acções, e ficarmos pela felicidade aparente da imaginação.
Agora, tento imaginar como seria o decorrer do dia, se não aparecesses na minha vida. Quero-te, mas sei que não posso ter. Então afasto-me, e tenho-te sem te querer. Espero por ti nos cantos e recantos que sei que são teus. E insistes em aparecer nos meus. Não sei até quando durará, mas sei que agora, quero-te para mim. Mordo, mas não te mato. Quero-te vivo, antes de morreres de vez. E sei que nessa altura, será para sempre.

A razão enfraquece, mas não destrói.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Nada do que fizeres, construirá o que desfizeste. Nada do que disseres mudará o que já foi dito. Nada do que houver apagará o que já houve. Nada do que amares esquecerá o que não amaste.

Querido, guarda a mascara e o punhal. As rosas e o coração. Mas espera-me. Espera-me como nunca antes me esperaste. Espera-me esta noite nessa cama que nunca foi minha. Nesse quarto que nunca vi. Nessa boca que nunca beijei. Espera-me, não por aquilo que tens, mas sim pelo que não tens. Espera-me, não como se eu fosse outra, mas como se eu me despedisse da personagem. Espera-me, não para compensar a falta de amor, mas sim pela falta que tens deste. Não para me abraçares, mas para te despedires. Não irei fazer promessas. Não irei mentir. Não irei fugir da verdade, como sempre fiz. A verdade simplesmente torna o presente doloroso demais, para ser vivido. Para ser relembrado. Porque, apesar de tudo, as memórias felizes também se apagam. Até mesmo os meus vergonhosos sentimentos. Mas por ti, nada vale a pena. Nem mesmo o amanha, que torna o meu presente tão vazio. Mesmo que ainda estejas nele. Porque por ti, nada é pouco demais para descrever aquilo que espero, e aquilo que tenho. Porque nada, é apenas o medo de que isso seja o nosso futuro. Porque querido, por nós, tudo. Mas por ti, nada.

2008

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

sábado, 29 de agosto de 2009

Fantasias de Criança

Passeava solitariamente pelo quarto sem destino. Evitava sentar-me na cadeira. Evitava que a realidade me caísse em cima, como em tantos outros momentos. Mas eu sabia que este, seria o pior. Ganhei coragem e aqui estou eu, nem pronta nem conformada.
Vivo tudo com maior destreza e desafio. Agora que morri, encaro o limite sem medos. Tento parecer como todos os outros. Sem perguntas nem paixão. Viver com o corpo sem responder com a alma. Aos poucos, todo o mundo que construi para mim, cai aos meus pés. Nunca percebi que o tinha construído frágil demais para a minha caminhada. Para as minhas tempestades e para os meus dias de verão. Ignorava que vivia no Mundo de cristal, com pessoas de fantasia.
Agora, tudo custa mais a enfrentar. Olho para os destroços encarando-os como um tumulo. Não dizem o quanto ali fui feliz. Também não preciso que digam. Não preciso de mais memorias de dias alegres. Quero a razão de viver, quero a verdade e não o engano. Quero a felicidade pura, para contrastar com o sofrimento real.
Vou dizer não, para amanha conseguir dizer sim. Vou mudar de rua, para amanha mudar de país. Vou mudar de destino, para amanha mudar de vida. Vou mudar de coração, para amanha conseguir levantar-me.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009



A insanidade momentanea nao é desculpa nem paixão. É a fuga da prisão e do coração.
A palavra não é garantia de vida.

Dá-me apenas os teus 5 sentidos.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009




Parece que foi agora. Afinal, provei a mim mesma que o poder das promessas não basta para as cumprir. Não basta desejar para ter nem chorar para ficar. Provei a mim mesma que os tempos tristes não acabaram.


Agora que me despedi de ti, sem remorsos nem carinhos, tenho-te sem te querer. Os dias azuis foram substituídos pelo meu permanente cinzento de espírito, e os planos delineados foram, um a um, esmagados pelo teu poder. Afinal, tanto te desejei que acabei por te renunciar. Afinal, eras memorias de fumo, sorrisos apagados e sons esquecidos. Afinal, eu era apenas mais uma, era apenas a criança no deserto e a rapariga na cascata. Afinal, prometi o que não cumpri, e desejaste o que não tiveste.

Afinal, escrevo o que não quero e sinto o que não consigo. Afinal, chegaste, vivi-te e desiludiste-me. Não eras o que eu esperava, foste algo bem pior. Por ti não choro mais. Por ti renunciarei uma vez mais aos tempos tristes. As saudades incontroláveis e as lágrimas orgulhosas. Por ti, esquecerei pessoas, lugares e momentos. E por ti, chamarei todas as noites, com esperanças que quando voltares a viver dentro de mim, me dês mais do que três meses inesquecíveis. Dás-me os pecados, mas não mos perdoas. Dou-te o perdão, mas quero vingança. Deves-me mais do que aquilo que me das.

Volta para sempre ou fica ate ao final. Ele também não durará muito mais.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Vem agora aquela vontade de mudar tudo, e acabo por só me mudar a mim. Vem comigo a nostalgia do fundo que se converte no tunel sem saida. Nao há vagas no novo Mundo. Nao há vagas para mim e para os pecados que me perseguem. Nao quero perdão nem compaixão.

Acabaram se os tempos tristes.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Injustiças

Nesta noite triste, dou valor ao antigamente. Sinto-me como se tivesse acabado de perder uma guerra Mundial. Lutava sozinha, e acabei sozinha. E neste momento que todas as frustrações vem ao de cima. Em que os olhos não suportam o peso de tanta lágrima e o corpo tamanho ódio.
As ideias suicidas passam me a uma velocidade alucinante pela cabeça. Uma por uma, tornam se cada vez mais aliciantes. A injustiça apetece-me acabar comigo e com tudo o o que resta. Já não sou eu, e ninguém é comigo. Porque irei eu continuar a viver para quem não quer?
A felicidade escapa-me pelos dedos fechados, como se nunca tivesse existido. Mas houve, e é por isso que agora sinto a sua falta. Não consigo perguntar quando ela virá novamente, só sei que não aguento muito mais esta dor infernal. Quero poupar-me, mas não vos quer poupar. Tal como eu não merecia, vocês também não merecem.




' Sinto-me sufocada pela preocupação de ser uma boa filha, e esquecem se de serem uns bons pais. Vivo aterrorizada com a ideia de vos perder, mas vocês vão me perdendo aos poucos e não se apercebem. Vivo triste com a alegria que me depositam. Nunca me ausentei muito menos deixei de gostar de vocês, mas o crescimento gradual não vos da razão. Eu não quero o Mundo, apenas quero viver nele. Eu não quero ser como elas, apenas quero apreciar com elas. Eu só queria um sim, e a resposta é sempre não.
Um dia mais tarde quando vos perguntarem se terão saudades minhas, vocês dirão sim, e arrepender-se-ão de todos os nãos que me disseram.
'




'Não desperdiçarei muito tempo contigo. Nunca te deste ao trabalho de o fazer comigo. Gostava da felicidade aparente que me davas. Mas descobri que não era só ela que era aparente. Em ti, não se distingue o real. Não se distingue o certo e o errado. Guias-te pelas tuas regras e preconceitos, mas não arrastes os outros contigo. Deixo-te ir a caminhar na direcção do poço, mas não me importo. Afinal, percebi-te antes de me conseguires perceber. Afinal, não eras o labirinto, eras apenas uma direcção. Afinal, eu não era um troféu, era apenas mais uma prova. O Prémio não é teu. A felicidade também não. De mim, tens aquilo que me ofereces. A mentira de ser como tu. E digo-te, sabe bem.'

sábado, 8 de agosto de 2009

quinta-feira, 6 de agosto de 2009





Entao descobriste agora. Sempre tiveste perto mas nunca la tocaste. Finalmente, sentes na boca o fracasso do fundo. A justiça cega. Apresentaste, viveste, mataste. No final, tentam matar-te. Nao conseguem. Ja estavas morta antes de começar. Só que eles acreditam em milagres. E tu não. A mao deu lugar á faca. A rosa deu lugar ao sangue. E finalmente, a felicidade que te inundava foi apagada. Nao tenho pena de ti. Nao tenho amor nem carinho. Mas parece que não sou a unica.


Podes ser o erro fatal. Posso ser a presa insensata. Mas tu tambem podes morrer, e eu conseguir sobreviver.
A promessa fica. Tiraste-me aquilo que mais gostava. Eu tiro-te aquilo que mais aprecias. Nao lhe chames vingança. Tem outro nome. Nao volto mais.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009




‘ Eu sigo-te. Vamos ver até onde isso me leva’

Eu segui-te. Hoje, sou eu que escrevo cartas sem nome.

domingo, 2 de agosto de 2009

Desintoxicação

O turbilhão de sentimentos leva a convulsão. Não a consigo suprimir mais, como em tantos outros fiz. Sempre me levaste a criar a excepção com o teu nome. E mais uma vez conseguiste. Preciso de me desintoxicar de ti, e do teu discurso eloquente. Das palavras incoerentes e das memórias perigosas. Preciso desintoxicar-me de ti e do teu sabor, para que nunca mais, me volte a apetecer aquilo que mais repudio.
Desintoxicar-me de ti, será o mais fácil. Difícil é que pares de viciar.

Regresso

Então, mais uma vez, apanho-te a fugir. Não me espanta, sempre foste a mais cobarde. Iludes todos com frases ‘ a fuga é sempre a mais cobarde das opções’. Eis para ti. Olha agora para ti e para o teu Ar aflito. Gosto de te ver assim. Sem escapatória. Sabe-me bem ver a corda no teu pescoço. Tenho a impressão que nunca sai dai. Morres de medo de ti, e dos outros. Sem saber que são os outros que devem temer. Subestimas aquilo que tens, com medo que todos os outros te subestimem. Perdes e voltas a perder sempre que tentas. Não que não consigas. Mas porque não queres. Pode ser a tua maior conquista, mas também é o teu maior segredo. Afinal, tu existes. Não te escondas. Não renegues e não desistas. Perdeu mesmo antes de começar. Todos sabem disso, menos tu.


Morde. Mas morde sempre para matar. Não gosto que tenhas testemunhas dos teus crimes, Ar.

sábado, 25 de julho de 2009

Partida parte II

Nao sinto pena nem saudades. Ás vezes, as desilusões chegam mesmo antes da ilusao começar.

Chegou a minha vez. Chegou a altura de partir e esquecer. Nao há nada que mereça ser lembrado. Vou sem remorsos. Talvez venha com eles, ou talvez nao.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

A dor atravessou-me o corpo como se me tivessem trespassado com uma lâmina. Não quis saber, como se esta já fizesse parte de mim. Continuei para a frente, a fugir do destino e da perdição. Só quando quis voar, é que me apercebi que já não conseguia. A minha asa restante limitava-se a bater indefesa e indiferente á minha perda. Abandonei os sonhos sem saber que eles também me abandonavam. Sem saber que não eram eles que precisavam de mim. Sem saber que tudo o que me restava, era voar.

Será que as asas se conseguem coser?

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Onde está a Rita?


Uma destas noites ( porque raio tem tudo de acontecer á noite? ) ia com ela ao meu lado, como sempre. Eu falava, e ela pacientemente ouvia. Parecia-me estranhamente calada. Parecia deslocada e desesperada. Perguntei-lhe o que se passava, mas ela ignorou-me. Não percebi bem porque. A Rita não é assim. A Rita traz a alegria no rosto e a felicidade emana-lhe dos poros. Voltei a perguntar-lhe,. Foi então que percebi que ela já não estava lá. Percebi então, que naquela noite, ela tinha a meta definida e o plano traçado. Percebi então que estava apaixonada. Deixei-a ficar para trás. Fiquei feliz por ela, mas triste por mim. Olhei para o chão, e a minha sombra já não estava lá.


Continuarei eu humana sem sombra? E ela? Continuará sombra mesmo estando apaixonada ?

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Afinal, nao sao os altos do poder. Mas sim o poder dos altos.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Ela abriu uma vez mais aquele segredo. Nada anunciava uma mudança. Essa já tinha acontecido á muito. Limitou-se a observar os meses passados. Uma por uma, as lágrimas invadiam-lhe a face. Não fez nada para as travar. Como sempre, estavam no sitio certo, á hora certa. Decidiu que a pena por si própria acabaria por vir ao de cima, e que o seu orgulho mesquinho iria ser imortalizado por as saudades doentias que ela sentia daqueles lábios.

Maldita sejas, pobre criatura. Nada nem ninguém te salvará do abismo onde te encontras. Continua a lutar pelos minutos de vida que te restam. Sabes que são poucos, por isso aproveita. Acabarás como todos os outros. Viva por fora, e morta por dentro. Salva o coração, e pede-me perdão.

domingo, 12 de julho de 2009

Repetições



Repete-se a despedida. Repete-se o Adeus e o nunca mais. Repete-se o amor magoado, o amor eterno e o amor desigual. Repito-me eu sem que nos tornemos a repetir. A mesma histórias com diferentes finais. Modificadas personagens e diversos momentos. Escrevo-te, porque a parte preenchida por ti, continua maior do que todas as outras. Escrevo-te, porque a esperança é sempre maior do que a tristeza. Escrevo-te, porque hoje não me apetece dizer
fim, mas sim ate já. Porque afinal, nunca reconheci o final como eterno, mas sim como passageiro.

Hoje, vou ser única, singular. Hoje, vou amar e deixar amar. Hoje, vou ser do Mundo e deixar de ser tua.



Larga-me. Hoje o final é meu e a história é tua.
Larga-me, hoje o olhar é meu e o corpo é teu.
Larga-me, hoje vou dançar e tu morrer.
Larga-me, porque hoje, e só hoje, a justiça só existe para um, a vitória é minha e a derrota tem o teu nome.

Amanha, vou dançar para outro final. Outra personagem e outro amor.
Amanha, vou olhar para trás, vou desesperar e gritar pelo nome que renunciei.
E tu, vais abraçar-me, agarrar violentamente a minha cintura e beijar-me o pescoço. Vais olhar-me nos olhos e desejar que diga o teu nome. A sala estende-se a nossa frente na escuridão da noite. O vinho espalhado no chão serve de armadilha. O vermelho predomina no corpo e na alma.Vamos dançar o amor, a alma, o corpo e a paixão. Vamos deixar a loucura viver. O tango dança-se com uma rosa vermelha, e eu, já a tenho.

Danças comigo?

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Caminhos

Hoje, contrariando todas as perspectivas e emoções, sinto-me triste. Não vou fazer disto o meu diário nostálgico e desesperado. Vou confessar o que sinto e o que penso.

A incompreensão suscita-me tristeza. A hipocrisia que reina a minha volta consegue de algum modo perfurar o meu mundo e trazer-me a tristeza quando devia reinar a alegria. Consegui resistir durante muito tempo, mas não consigo mais. As mentiras, as opiniões, as falsidades arrastam-me na incerteza de que para onde quer que vá, o que quer que faça e onde quer que esteja haverá sempre alguém que apontará para mim e dirá algo que faça com que o meu dia deixe de brilhar. As vezes, e fácil dizer que pode-se ignorar. Mas não, não pode. Não se consegue ignorar os sentidos. As vozes e os sussurros. Para mim, é mais fácil ignorar o que gosto, e deixar-me levar numa existência solitária, que ninguém veja, fale ou oiça.

As vezes, a invisibilidade e o melhor caminho.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Borracha.

“ A passagem de um ciclo intensificou-se com cada lágrima que deitei. O fogo de artifício deu lugar ao fim. Desejei comemorar tal como a chuva de cores no céu fazia, mas não consegui. Limitei-me a contemplar a felicidade, como sempre fiz, e a deixa-la ir embora.

No final, deixei a esperança e uma rosa branca. “

Caminhava sobre a aprovação e o barulho intenso do fogo do céu. Não me apetecia ir embora, mas sabia que o tinha de fazer. Sabia que tinha de dizer não, quando queria dizer sim. Sabia que tinha de avançar para a frente quando gostaria de voltar atrás. Sempre soube mas sempre ignorei. O derradeiro momento parecia sempre longe aos meus olhos. Mas ele chegou e não há como o evitar. Esqueceste-te de mim quando todos se lembraram. Apagaste-me tal como te apaguei. Agora, que queria que fosses meu, já não és mais.

Mas alguma vez foste?

domingo, 5 de julho de 2009

Porque?


‘- Andei dias a evitar comunicar contigo. Queria saber quanto tempo conseguiria existir no Mundo, sabendo que não estavas nele. Hoje descobri onde chegam os meus limites. Sinto-me derrotada na vida que criei para mim e frustrada no mundo do qual me expulsaste. Vou dizer chega aos sonhos que me atormentam à noite, às vidas despedaçadas do dia e as esperanças secretas da tarde. ‘

Os teus limites, são também os meus. Não quero saber onde acabam, mas sim quando começam, porque é ai que começa a loucura e o sonho. A perdição, a paixão e o amor. Não te vou pedir a carne e o coração. Porque não preciso. Das me o céu e a terra. Das me alento e desatino. Dás a vida e dás a morte. Porque és sossego. Porque és paixão e contradição. Porque sempre foste e sempre serás. Não importa onde e com quem. Não te esqueças, vou pedir o Mundo quer possas carregá-lo, ou não.


Não gostas de visitar os sonhos das outras pessoas á noite? Então porque o fazes?

sábado, 4 de julho de 2009

Vamos dizer nao?

Vamos dizer não aos beijos, aos abraços e ao olhares. Vamos dizer não a corrente, ao rio e às marés. Vamos dizer não á praia mais bela, o sorriso mais doce e a noite mais quente. Vamos dizer não ao amor passageiro, ao amor infernal e ao amor do céu. E juntos, vamos dizer não um ao outro.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Quero tanto viver ali.

domingo, 28 de junho de 2009

Morte

A partida não me entristece como já me entristeceu. A distancia fará esquecer-me tudo o que de bom ficar, e finalmente partirei rumo a uma vida limpa de sentidos e esperanças. As festas, os serões, as lágrimas e os sorrisos ficarão para trás, assim como a minha casa, o meu nome e o meu corpo. Não quero ter lembranças físicas nem psicológicas pelo que passei. Não quero marcas nem recordações. Quero a leveza e a pureza unidas ao sabor de uma nova vida. Unidas á esperança do que poderei vir a ser, sem todos vocês. Deixar-vos não foi uma escolha, foi a obrigação de um coração amargurado por tudo aquilo que fizeram.
A vida dará mais um passo em frente, e eu darei só mais um para trás. Serei tão insignificante para a vida do universo como aqui. O corpo ficará entregue á terra que um dia reneguei.
Porque um dia, ainda tinha esperanças.

terça-feira, 23 de junho de 2009

quelqu'un d'hier

A nostalgia invade-me. A monotonia dos meus dias faz-me pensar mais em ti do que o desejado. Mas não me fazes falta. Apenas as tuas recordações me mantêm viva. Ainda. Consigo sentir te aqui. Consigo respirar o mesmo Ar que tu, e beijar-te ao mesmo tempo. Consigo percorrer todo o teu corpo e desejá-lo para a manha seguinte. Consigo ouvir o teu coração bater e sentir na minha pele o teu suor. Consigo descobrir um padrão na tua respiração acelerada e olhar para a tua danificada alma. Não é minha mas também não a quero. Apenas a desejo no auge dos nossos momentos. No sacrificio dos corpos e na nostalgia da minha solitária alma.
Na verdade, nem sei porque te escrevo. Nunca deste sinal de vida, porque também não a tens. Morreste e eu quero-te vivo. Deixei de acreditar em milagres, quando deixei de acreditar em ti. Mas tu, podes continuar a acreditar em mim. Não há perigo de te mentir, porque também não perguntas. Somos inquestionáveis e passageiros. Somo o espírito, a alma e o grito do mundo.
Segue-me, mas não me espreites. Agarra-me, mas não me sonhes. Beija-me, mas não me mordas. Adora-me, mas não me ames.

permettez-moi ou suivez-moi. Tout comme il n'est pas légitime.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Só doi na alma.
Arriscas?
Tambem me parece que não.
Porque a morte foi sempre uma escolha.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Vamos fingir?


Não faças barulho.
Não respires nem sequer olhes. Vou fingir que não te tenho por perto. Vou fingir que nao respiras o mesmo Ar que eu, e tu vais fazer o mesmo. Vamos ser indifrentes e inquestionáveis.
Porque fingir? Apenas porque tambem consigo jogar o mesmo jogo que tu. Por que tambem consigo dizer mentiras e agir com desprezo. Apenas porque tambem te consigo fazer desaparecer quando quero, e quando queres.
Vamos fingir que nao jogamos e que apenas vivemos. Vamos fingir que não conheço o teu sabor nem tu o meu corpo. Vamos fingir que és apenas tu e eu, apenas aquela. E finalmente tu, vais poder deixar de fingir que gostas de mim. E eu, vou finalmente fingir que tambem não gosto de ti.

Amanha, no mesmo lugar, á mesma hora.

domingo, 14 de junho de 2009


Não vou esperar pela onda, nem sequer pelo sol. Não vou esperar para um beijo ou para a despedida. Não há tempo nem amor. Show must go on.

’09 foste tempo bem passado.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

K*

Éramos doentios. O pacto silencioso arrastava-nos para a loucura da noite, fazendo-nos esquecer a lucidez do dia. Não o dizia, mas secretamente esperava. Espera-te ardentemente, sabendo que os únicos momentos em que me era permitido ter-te eram nas noites regadas a álcool, em que a dolorosa consciência não se atravessava no nosso caminho.
Por causa de ti, transformei a noite no dia e as horas nos minutos. Nada me chegava. Nenhum beijo me saciava e nenhuma palavra me calava. Não te queria mas desejava-te. Afastava-me quando na realidade te prendia. Nunca percebemos, mas a barreira invisível tornou o pecado mais aliciante, os beijos mais escaldantes e o perigo mais delirante.
O dia traz-me a realidade. E tu não a és nem nunca foste. Traz-me a dor e a decepção. Talvez porque só existas de noite. Talvez porque só sirvas para o pecado. Talvez porque não goste de ti. Ou talvez porque goste.
Está a entardecer. Não te recordo com tristeza nem sequer com saudades. A noite aproxima-se e quer estejas incluído nela ou não, ela pertence-te. Mesmo que seja apenas em sonhos. Mesmo que nunca dure para sempre. Mesmo que não me ames, Não importa. Os pecados são incapazes de amar, por mais que digam que sim. Mesmo que te tente amar, e nunca passe disso.

Mesmo que tudo esteja a desaparecer. Mesmo que te estejas apenas a tornar no mortal que sempre foste.

sábado, 6 de junho de 2009




Ele chegou. Finalmente, ele chegou.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Vicious



Gosto deste momento. Gosto deste tempo chuvoso, em que morres lentamente pela inconsciência. Não matas, mas também não deixas viver. Simplesmente te deixas navegar no tempo. Não gosto de ti. Não gosto da tua personalidade e da tua falta de sinceridade. Não gosto que sobrevivas por momentos. Tu também não. E é por isso que morres. Não consegues suportar o vício. A necessidade consome-te mais do que todas as outras forças, e na ausência de consumo, deixas-te apagar. Não te censuro. Sabes porque? Porque o vício que te salva, também é o que te mata. E quando morreres, ele continuará a viciar. Porque é ele o teu vício, não tu o dele.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Wish

Sempre que te pedirem tudo, tu das muito mais. Sempre que chegares á meta, cria uma logo a seguir. Sempre que desapareceres, apaga tudo á tua volta. Sempre que renasceres, ilumina o Mundo. Sempre que acordares, vive por ti e por aqueles que não podem.

Porque? Porque não podes pedir aquilo que desejas, mas podes fazer muito mais do que isso. Podes ser o desejo e a perdição. Podes ser a carne e a alma. Não recuses, também não aceites. Cria as regras e sobrevive a elas. Se não morreres, mais ninguém morrerá. Os limites impõe-te, as regras criam-te. A imaginação desenvolve-te. O amor mata-te.

Make it happen.

sábado, 30 de maio de 2009



So why did I do it? I could offer a million answers, all false. The truth is that I'm a bad person, but that's going to change, I'm going to change. This is the last of this sort of thing. I'm cleaning up and I'm moving on, going straight and choosing life. I'm looking forward to it already. I'm going to be just like you: the job, the family, the fucking big television, the washing machine,clearing the gutters, getting by, looking ahead, to the day you die.

I chose not to choose life: I chose something else. And the reasons? There are no reasons.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Céu

Quando me encontrei uma vez mais naquele cemitério, senti-me novamente perto de ti. A tua segunda casa nao me oferece alegrias. Nao tem o teu cheiro. Nao tem o teu rosto nem nunca se lá ouviu a tua voz. O silêncio foi a unica coisa que me ofereceu e que tu me ofereceste ao longo destes dolorosos anos. Apercebi-me que a unica maneira de estarmos novamente os seis juntos, era dirigirmo-nos áquele cemitério.
As horas passadas a olhar para o branco imaculado do teu tumulo em nada diminuiram as saudades que tenho de ti. Pergunto-me se quando alguem olha para ele, conseguem ver, tal como eu vejo, a pessoa que ele cobre. Mas nao veem. Ninguem sabe o que cada pedra protege. O que cada pessoa é. O que cada pessoa foi.
Deixei-te a flor vermelha. Deixei-te o amor, a saudade, o carinho e a tristeza. Nao ficaste comigo, mas eu ficarei sempre contigo. Mesmo que para isso, tenho de me dirigir ali. Onde a morte paira no ar e a tristeza se respira. Porque avô, podem passar dias e anos, mas ainda me lembro de ti. E por cada lagrima que deito, desejo que estivesses aqui. Mas nao estás, e elas continuam a cair, e a pedir em silencio.

Porque o branco imaculado do teu tumulo é apenas isso e nada mais.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

.

O que mais custa, é levantar de manhã...

domingo, 24 de maio de 2009

Entrei como se fosse uma intrusa num lugar que não me pertence. E de facto era. Sentei-me na ponta do banco respirando o ar sagrado. Os joelhos bateram no chão com um baque e eu finalmente cedi as evidencias. As lágrimas escorriam pela cara como se sempre ai estivessem estado. E eu deixei. Como deixo sempre. Deixei que finalmente o mundo desabasse. Deixei finalmente que a mascara caísse, e a peça chegasse ao fim. O silêncio fez-me pensar e sentir. A paz invadiu-me como se invadisse o Mundo de repente. Mas o meu mundo chega.

Verdades

A vingança serve-se fria. Não espero nem tenciono esperar. Na verdade, a noite revelou-me mais do que aquilo que eu imaginaria. Revelou-me o verdadeiro sabor dos teus beijos e a essência do teu perfume. Não era um perfume qualquer. Era o teu perfume. Tudo em ti me bastava. Agora já não. Não me bastam os teus beijos e as palavras proferidas em vão. Não me chegam os carinhos e o sabor. Diminuíste de tamanho, e eu diminuo o espaço que tinha para ti.

O criminoso volta sempre ao local do crime, mas nem sempre volta a matar.

domingo, 17 de maio de 2009

Marés

Continuas a pertencer-me. O único que ainda não sabe, és tu. Ignoras me para te conseguires ignorar. Danças a musica que eu te dou. Lutas pelo beijo que não dou. Sofres por o olhar que não chega. Choras pelo amor que não há. Dou te o dia e a noite. Dou te o mar a praia. Flutuas. E eu continuo a vigiar-te. Apenas quando te tornares num verdadeiro náufrago te salvarei. Até lá, deixo-te á deriva, como me deixaste a mim.

sábado, 16 de maio de 2009

Noites

Hoje chove. Abri a janela e coloquei a mão do lado de fora. A queda de chuva era irregular. Choviam grandes e pequenas gotas. Cobriu tudo com água, como se de repente também o céu me quisesse acompanhar na sinfonia de lágrimas que me cobriam o espírito. Assim sendo, deixei que me fizesse companhia. Choveu toda a noite. Dentro e fora de casa. Eu chorava pelo céu, e ele por mim. De manhã, o sol teimou em secar a água que derramamos. Não conseguiu. Só a chegada do Verão irá conseguir faze-lo.

terça-feira, 12 de maio de 2009




A armadura nao sai.
Gostava de saber chorar-te. O meu luto prolongado mantêm-se firme a ti, e preso a mim. Não visto preto, mas carrego-o. Leva o dourado do teu corpo e o verde dos teus olhos para longe da minha vista. Não preciso da áurea da tua felicidade diante dos meus olhos. Não preciso de ouvir o teu nome em cada esquina e ver a tua sombra em cada rua. Sou a sombra da sombra que fomos. Nada mais.
A dolorosa consciência serve me de inspiração e alento para sobreviver apenas com a dor da verdade. Os espaços em branco das palavras que ficaram por dizer foram preenchidos pelo silencio da nossa vida. Não há gritos nem vozes. Há o silêncio de um luto prolongado. Sinto-me num funeral a dois. Tu, que morreste, e eu, que choro por ti.

Pergunto-me quando serei forte o suficiente para te cobrir com terra.

terça-feira, 5 de maio de 2009


O som monótono que se fazia ouvir ritmava o meu corpo. Passava em cima do alcatrão como se pisasse o vermelho. Não queria mas também não fugia. Deixava que tudo de prendesse. Sempre foi assim. Só que nada dura mais do que um segundo. A paisagem abre alas a novos horizontes. Os sons do salto alto deixam de se ouvir e finalmente torno-me na mortal que sempre fui.

Não amo. Não desejo. Não ambiciono. Sou condicionada por o que sou e não pelo que idealizas. Permites acabar um sonho para começares o meu pesadelo. E eu, apenas deixo que ele continue. Sempre assim fomos. Um dia, vou tentar novamente amar-te. Um dia, pode ser que não voltes a fugir *

sábado, 2 de maio de 2009

(A)




Um dia de (a)manha.
Acordei. O aparelho das novidades estava pousado sobre a mesa. Não o esperava nem sequer suspeitava de um sinal de vida teu. Mas ele apareceu sem pedir licença. Lá estava o nome que eu perdi. Lá estava a mensagem esquecida. Lá estavas tu, tão vivo quanto eu. Um sinal, que vem demasiado atrasado para a história apagada.
Mostraste-me que estás vivo, e agora sou eu que me faço de morta. Não vivo no teu Mundo. Não me incluías nos teus sonhos. Não me desfaças na realidade. Perdeste-me depois de te perder. Mas sabes qual e a diferença entre nós? O criminoso volta sempre ao local do crime.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Medalha

Quando a palavra fim aparece nos lábios.
Quando a lágrima surge nos olhos.
Quando vivemos no passado.
Quando detestamos o presente.
Nao sou eu, nao é o outro.És tu. Mesmo que nao tenha nada para te oferecer. Esqueci-me do Mundo, só porque te esqueces-te do tempo. Mas lembro-me de nós. Por todos os momentos que nao temos. Pelo mundo destruido. Pelo amor inexistente. Pelo paraiso no inferno. Lembro-me de ti.
Porque até a moeda tem duas faces.Nao sou apenas uma delas. Sou o verso e o reverso. Sou a crença e a descrença. Acreditas? eu tambem não.

sexta-feira, 24 de abril de 2009





Hei de amar uma pedra.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Partida




Aquela sensação vazia de que poderia ter feito tudo, mas nada fiz, afunda-me. Aproxima-se o momento crucial da despedida. Não sei se conseguirei passar uma vez mais por ele. Não sei por quantos mais passarei. Diz-me que este e o último, e eu direi que não. Diz-me que não e uma despedida. Eu direi que sim. Entre nós não há despedidas. Entre nós não há beijos nem abraços. Entre nós, há o vazio de um mundo por preencher. Não o coloriste, e também não será na despedida que o irás fazer. Não é opção. Não é escolha. Não é obrigação. É a vida.
Ficou por dizer o quanto gosto de ti. Ficou por dizer o quanto tremi quando te voltei a ver. Ficou por dizer o quando irei sentir a tua falta. Contei que o olhar transmitisse tudo o que as palavras não transmitiram. Mas sei que não e possível. Porque nem as palavras o conseguiriam transmitir. Preferi acreditar que iria ter todo o tempo do mundo contigo, mas esqueci-me de que não temos mundo. Preferi acreditar que o tempo era lento, mas esqueci-me de que entre nós o tempo é rápido e transparente.
Recomeçarei a construir o Mundo que a chegada do teu destruiu. O meu Mundo. E não, não fazes parte dele.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

As Palavras Estao Gastas

Tudo o que havia de ser, foi. Mesmo antes de existir. Partir antes de chegar é o final antes da derrota. Porque sim, ela existe. Ate mesmo para os derrotados. Ate mesmo para ti.
És o projecto de amor inacabado. És a lua na fase cheia. És o quarto minguante ao fim de semana. És o sol o dia inteiro.
Gastas-te o brilho nas pedras da calçada. Gastas-te o sorriso nos jogos sem derrota. Gastas-te o amor que não tinhas. Gastas-te as horas nos minutos.

Ao fim da tarde, caminhei uma vez mais para o verde. A ausência de destino fez com que o vento me orientasse. Nunca gostei da solidão, mas ela esta lá, quando mais ninguém esta. Aprendi a ama-la como tu aprendes-te a odiar-me.
Gastei o sal dos olhos. Gastei a voz. Decidi desistir e logo a seguir sobreviver. Não és forte o suficiente, mas eu sou.

Não és o monstro que pedi. És bem pior que isso.

domingo, 19 de abril de 2009

Morrer antes de nascer.

Morreste? Eu também.

É uma morte para quem não a sente. É uma morte escura, que passa por entre as linhas da vida, e nos leva para curvas da morte.
Podes destruir as ruínas. Podes apagar o lume. Podes esquecer o ritmo. Podes até sobreviver. Mas a morte certa afunda-te para um caminho final. Já a esperei. Já desesperei. E agora? Já lá estou.

Morri, mesmo antes de respirar o Ar.
Porque Ar, é apenas mais uma forma de sobrevivência, e não de vida.

Ser vida é ser LIVRE.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Verão

Back to the Summer of 08 '

E todas as memórias sobrevivam, para matar as que nao se renovam.

terça-feira, 14 de abril de 2009


Escolhas.

Escolher é separar destinos e juntar almas. Escolher é orientar futuro e definir rotas. Apagar o passado e delinear o presente.
Escolher é a obrigação escondida nos sorrisos de vidro e lágrimas de cristal. Escolher és tu e eu.

Eu escolhi num dia de chuva. Preferi que fosse ela a apagar o meu rasto sobre o teu caminho. Preferi que fosse ela a dizer-te que partira para sempre, não eu. Escolhi que fosse ela a dizer-te ‘Adeus’. Andei sem parar por os caminhos já conhecidos. Não parei para olhar para trás. Escolhi ser eu, e não ela. Escolhi partir do que afundar. Escolhi esquecer do que amar.

Porque escolher, custa mais do que partir. E partir, foi escolher sem ti.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Em oito meses.

Em oito meses chorei-te, amei-te e esqueci-te. Em oito meses apaguei-te, relembrei-te, matei-te e nasceste. Em oito meses vivi, sobrevivi, sorri e esqueci.
Esqueci-me de que tudo e mais forte que eu. Esqueci-me do que e estar ao teu lado. Ver-te e sentir-te. Esqueci-me de como és, de quando és e de onde és. Preferi esquecer-te do que reviver-te. E talvez por isso não te consiga expulsar. Descobri que tenho demasiadas saudades para o fazer. Deixem-me ficar na minha ilusão aparente, mesmo que ela apenas dura 8 dias, em oito meses.

E quando tiveres de partir, que seja para sempre, porque apenas a Fénix ressuscita das cinzas.

domingo, 12 de abril de 2009

Tiraste-me tudo, apenas nao me tires a vontade de escrever.

" Quando morrer irei de caneta na mão e papel no caixão "

sábado, 11 de abril de 2009

Não te perdoo.

Deste-me o jogo mais emocionante. Deste-me a vitória consecutiva em todos eles. Usei e abusei do meu poder sobre ti, para que um dia também utilizasses o teu. Jamais iria saber era que o teu me iria colocar fora de jogo.
Hoje, voltei ver-te. Não te olhei como te olhava no passado. Não te convidei para jogar, porque tu também não o fizeste. Limitaste-te a observar todos os meus passos na tua direcção. Mas eu não avancei. Deixei-me ficar pela retaguarda. Uma vez, jogaste no meu coração, hoje não jogarás mais. Sabes porque? Porque não te perdoo teres deixado fazer xeque ao rei.
Um dia, governei o teu jogo. Tu, governaste tudo o resto.

Leva o teu sol e devolve-me a chuva. Prefiro andar descalça do que queimada. Prefiro o frio ao teu calor. Apenas porque um dia fui tua. E tu, nunca me pertenceste. E não, nunca te vou perdoar.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Confissões

Não precisas. Não precisas de matar todos o que te aparecem para conseguires matar mais um bocadinho de ti. Não precisas de seguir os teus instintos enganosos que te levam a loucura momentânea. Não precisas de amar, para ser amada. Nem nunca precisaste de chorar.
Tudo se tornou demasiado pequeno para ti. A casa, as ruas, a terra e a vida. Tornaste-te merecedora de uma parte do mundo. Não te negam, tu e que não aceitas. Não aceitas toma-lo como teu. Não aceitas vida para além das quatro paredes.
Não tenho medo de ti. Também não tenho pena. Diz-me apenas, matarias por prazer? Então porque o fazes?



Porque a derrota tem o sabor da vitória, Rita.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Existencias


Não quero que te tornes uma passagem violenta do meu livro rasgado. Não quero ocupar nenhuma folha de papel com o teu nome. Sabes porque? Porque a tinta com que eu escrevo é permanente.

Acordei com um leve temor pelo dia que se seguiria. Não o esperava agitado. Levantei-me, e as nuvens negras que cobriam o céu, cobriram-me também o espírito. Na verdade, não me importei. Continuei descalça pelo azulejo frio como forma de penitência. Não tinha roupa. Também não precisava. Abracei o frio como um velho inimigo e deitei-me no chão. Permaneci lá horas demais para serem lembradas. Vi e revi o livro da minha vida. No final, decidi rasgá-lo. Desejei que o próximo fosse feito de páginas coloridas e a capa fosse coberta de felicidade. Levantei-me, olhei-me ao espelho, e desejei ser a pessoa que via, e não a que sou. Talvez assim fosse tudo mais fácil. Vesti-me e fui para a rua viver o meu Outono antecipado.

E as folhas caiam no chão para disfarçar as lágrimas que acompanhavam.

Finalmente, sinto no ar aquele medo característico que te antecede. A tua chegada em nada mudará a minha vida reconstruída. A tua presença em nada afectará os meus sonhos despedaçados. Trazes o verão contigo em cada poro. Trazes lembranças e memorias esquecidas. Trazes longos meses de separação e momentos passados. Passaram dias e pessoas. Passaram amores e desejos. Expulsei-te há demasiado tempo para conseguires voltar. Derramei tudo o que havia para derramar para sobrar algo de ti em mim. Fui tua. Não sou mais. Aceita a derradeira sentença sem te aproximares demasiado. Não sou forte o suficiente para te expulsar uma segunda vez.
Sabes porque? Porque prefiro a chuva ao sol que trazes contigo. E um sol demasiado brilhante para ser verdadeiro. E um sol de apenas alguns dias. Voltarás a partir tão depressa quanto chegaste. Agora sou eu que te deixo para trás. Mesmo que andes pelas minhas ruas. Pela minha terra. Pela minha vida.

Mesmo que sinta o teu perfume novamente no Ar.

Vitorias

Hoje sonhei contigo. Não foi um sonho bonito. Não estavas a sorrir. Eu também não. Limitava-me a estar ao teu lado. A dormir contigo. A cuidar de ti. Pergunto-me agora, onde difere isto da vida real? Continuo a estar ao teu lado. Continuas a não sorrir. Eu também não.
Acordo durante a madrugada fria. Apetece-me estar em todo o lado, menos na cama. O calor convidativo não me inspira confiança a permanecer lá mais tempo. Prefiro a dor física, para esquecer a dor interior. Prefiro magoar-me por fora, para sarar por dentro. Não deito sangue. Não verto lágrimas. Não dou sorrisos. Não movo Mundos.

As vitórias também custam. A guerra também mata. A taça também pesa. O corpo também sente. As feridas também saram.

Acorda-me quando Setembro chegar.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Um dia, o amanhecer vai ser tao brilhante como um entardecer, porque um dia, nao irao ser so palavras. Porque um dia, nao irá ser só magia. Nao irá ser só um beijo.
Será apenas um só coração.


Há sempre um sonho.


segunda-feira, 30 de março de 2009

Ainda existem noites

Eu nao percebo! continuei a fixar um ponto, sem me querer destacar. Empurravam-me. Pisavam-me. Mas eu nao me queria mexer pá. Estes seres humanos tem uma certa dificuldade em compreender o que é estatico. Nao que eu seja algo estático. Mas nao queria de modo nenhum expressar o alcool que me corria nas veias. Queria ser uma tipa parada no meio do nada, a tentar passar despercebida. Acabei por desistir.
Entretanto, chegamos todas a casa. Nao queria mostrar o monstro chamado fome que ia dentro de mim. Sempre o ignorei porque sinceramente, é o grande culpado pelas minhas peles flacidas. Mas aquele bocado de pizza estava a chamar por mim. Olha merda, comi-a toda. Depois foram os oreos, e as belgas.... Mas belgas já é especialidade da casa. Realmente, esta cena de andar deprimida dá cabo da minha dieta saudavel. Depois quero eu ser ginasta, por este andar nem os joelhos vou conseguir ver.
Mas claro que nao podia ficar por aqui, a susana tinha de filmar tudo, desde dos meus dentes castanhos de chocolate,, até a minha subtil queda da cadeira. Tudo controlado, o importante é ninguem se magoar. Estavamos numa cozinha, sete gajas bebadas é sinonimo de terreno perigoso. Mas acabamos mesmo por ficar pela porno. Nao e que eu me lembre de grande coisa, mas sei que de manha a televisao continuava no mesmo canal. Tenho pena da mae da Vanessa. Pelo menos sei que os preservativos foram enrrolados em papel higienico. Ao menos isso.
Epá a cama é que foi outro circo. Mas que merda pá, calha-me sempre o colchão mais fino. Mas isto tá mal, entao eu sou a mais pesada! Um dia hei de reclamar, pena que estou sempre demasiado bebada para isso. Epa acabei por adormecer com o telemovel colado a testa. Um dia destes hei de ter graves problemas cerebrais, mas ate lá ja devo andar sem neuronios a ter em conta os litros de alcool ao fim de semana. Adiante, acordamos as seis da manha, o que e sempre agradavel para quem tem a cabeça com o peso de Mundo. Mas nada de stresses, há quem chore, há quem coma, eu apenas sorri, e vesti-me. Posso nao ter tido uma noite de sonho, mas pelo menos tenho a certeza que sou feliz nas horas vagas.

sábado, 28 de março de 2009

Coisas


Pintava a cara. Abria os olhos e teimava pintar de preto o que devia ser vermelho. Enrolava as pestanas e molhava os lábios. Olhava ao espelho e sabia que faltava algo. Vestia-me cuidadosamente. Penteava preguiçosamente, os longos fios dourados. Voltava a ver-me ao espelho mas faltava algo de muito importante. Só mais tarde descobri, em plena batida no coração, brilho ofuscante e um som descomunal nos ouvidos. Faltavam-me esperanças.

Limitei-me a esperar pelo tempo, que teimava a avançar depressa demais. A observar aquilo que a minha sobriedade permitia e a tocar naquilo que não podia. O rumo foi lentamente ganhando forma. Com ele, ganhou forma o desejo pelo proibido e por aquilo que me foi negado. Queria pertencer ao lugar que me tinha sido retirado. O tempo esqueceu-se de mim e eu esqueci-me do tempo. Apaguei as pessoas e desliguei as luzes. Despedi-me da festa mas não me despedi de ti. Não preciso. A despedida já foi feita á muito tempo. O relógio bateu as três da manha como quem bate a meia noite. Perdi as esperanças como quem perde o sapato de cristal. Tive o meu fim triste como quem tem um final feliz.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Juras

Sempre jurei demais. Jurei para nunca mais. Jurei para sempre. Jurei que sim e que não. Jurava e duvidava. Duvidava da vida, do tempo, das pessoas, das coisas. Duvidava, se possível, sobre o presente, o passado e o futuro. Mas a única pessoa que jamais duvidei, foi de mim própria. Julgava-me superior a qualquer questão que colocasse. E errei profundamente. Acabei por me colocar em risco de Morte. Acabei por me colocar perante o perigo iminente que me alcançou devagar, iludida pela felicidade aparente. Afinal, foram lágrimas. Afinal, era mais do que o que pensava. Afinal, custou mais do que o que doía. Porque afinal, eram apenas palavras.

Aparentemente, tudo volta ao normal. O tempo dá tempo ao Tempo, para curar as feridas. Estacar o sangue. Para as lágrimas. O tempo dá tempo ao tempo para nós esquecermos. Para nós sorrirmos. Para nós existirmos. O problema, é que o tempo não pode pedir ao tempo, tempo passado, de forma a conseguirmos alterá-lo. Porque o tempo, avança sem parar, e a única coisa que fazemos, é ficarmos parados nele.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Black and White


Quero voltar a viver a preto e branco. Pintar quadros e desenhar esferas. Quero voltar a pisar a água e sentir o corpo frio. Quero voltar a pintar o céu de preto e vestir me de branco. Quero aprender a voar e ensinar a esquecer. Quero ser a revolta e a paz.
Um dia, disseram-me que a vida é uma passagem. Respondi que se fosse uma passagem, então faria delas a melhor de todas. Hoje, responderia apenas aquilo que ela me ensinou. Continuo viva.

Longe




Ainda bem que partes. Devias partir hoje sem demoras nem despedidas. Carrega contigo a culpa e o remorso que esperas abandonar longe daqui. Só eu sei o que me custou. Não custa mais. Tornei-me indolor as tuas mudanças e á tua presença. Mas o mais ridículo de tudo isto, é o facto de a minha vida continuar a girar à tua volta. As minhas palavras. A minha liberdade e a minha luz. O que torna doloroso, é o facto de a ferida não sarar, a lágrimas não saírem, e a dor prender. O que magoa mais, è querer que te tornes lixo, que te tornes sombras e que sejas esquecido. E querer que partas para longe e sem retorno. Que deixes de existir, para que possa levar a minha existência sem ti.

Sobrevivi até aqui.


E amanha?

sábado, 21 de março de 2009









Naquela noite escura, onde nem a lua se atreveu a espreitar. Por entre ruas sombrias onde nem o diabo quer andar. Naquela cidade estranha onde ninguém ousa viver. Num Mundo incógnito que ninguém sabe que existe. Vives tu.
No se vê vivalma. Não se sente. Não se cheira. Nada se mexe. Vagueias perdida. Dou te razão, mas não te dou escolha. Prefiro que permaneças ai, sem rumo nem esperança. Prefiro que te encontres a ti mesma, antes de me encontrares todos os outros. Quero-te no inferno, para te dar o céu. Quero que encontres as sombras para puderes encontrar a luz. Quero-te morta, antes de te querer viva.




Hoje, o vento bateu-me na cara e o cabelo voou para longe. O coração colou-se as costelas e furou-se Não te preocupes, só tinha ar lá dentro. O restinho que sobrava de ti fugiu para longe, por entre muros e pinhais. Não te vou procurar, és pequeno demais para ser encontrado.










quarta-feira, 18 de março de 2009

Folhas de papel


Hoje amarrotei-te. Atirei para o chão a folha de papel à qual pertencias e com ela todos os textos a ti dedicados. As palavras que foram escritas, em vão, acabaram e deixei a música a tocar como pano de fundo. Sentei me na cadeira, na esperança de chorar longas horas a fio, lamentando a minha triste perca. Mas as lágrimas não saíram. Chorei dor em vez de lágrimas. Senti saudades em vez de gritar.
Acabei por ser o teu segredo e maior conquista. E tu, acabaste por ser a minha pequena desilusão e maior derrota.

terça-feira, 17 de março de 2009

Ilusões


Nada fazia prever. A noite chuvosa prometia tudo, menos a tua presença. O serão regado a álcool e a convivências forçadas. A chuva caia e eu lentamente morria. As lembranças, o equilíbrio, a fala, nada me obedecia, era apenas uma sobrevivente no meio de outros tantos. Mas foi então que chegaste. Chegaste sem eu dar conta. No final da noite, o beijo que mudaria os meus tempos futuros foi esperado. Foi aguardado. Foi revelado como sendo uma armadilha fatal para a qual me arrastou. As memórias da minha noite limitam-se a isto.

Hoje, recordo esse beijo com uma certa tristeza. Não por ter acontecido, mas porque não irá mais acontecer. Recordo a chuva com nostalgia e o frio como um velho inimigo. Recordo te a ti com o calafrio característico no estômago. Não mudaste nada. Eu também não. Permanecemos os velhos combatentes. Desejei que estivesses aqui. Desejei que morresses. Desejei que me amasses. Agora apenas desejo que te vás embora. Desejo-o em pensamentos. Quero-te em vida. Continuo a desejar-te como na primeira vez, como se nunca tivesse provado o sabor a morango. O teu sabor. Continuo a desejar te como o fruto proibido. Talvez nunca tenhas passado disso. Talvez o sejas mais do que nunca.

A guerra começa. O purgatório terminou. O pecado deu lugar ao sentimento. Lutas para que isso não aconteça. Sempre lutaste. Lutas porque o teu medo e superior á razão. Lutas porque és cobarde o suficiente para me incluíres no teu fantasioso engano. E foste corajoso demais para me expulsar dele. Lutas para que eu não caia no erro de criar a minha própria ilusão. E eu luto, para te expulsar dela.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Peça Perdida


Procurei te . Rabisquei os lugares mais escuros os sítios mais perigosos. Percorri avenidas e varri cidades. Mas afinal, sempre ai tiveste, no sitio onde te deixei. Continuas vivo. Continuas a lutar por causas perdidas. Por prazeres momentâneos. Continuas a existir para mim.
És a minha peça perdida. És um pedaço de vida á deriva. Ainda por conseguir. Ainda por definhar. Continuas á deriva no sonho e no pensamento, que aflui a qualquer momento sem que eu me prepare. Lá tas tu, tão vivo quanto o olhar transmite. Ainda vibras por dentro e por fora. Ainda existes. Ainda és rei.
Continuo a deriva. Deixo te afastar. Deixo te ir, meu pequeno grande pecado. Sem despedidas nem remorsos. Deixo te governar outro jogo. Outra vida. Ainda és Rei, mas já não tens Rainha.