terça-feira, 20 de outubro de 2015

Passagens.

Nunca perdi tempo contigo. Nunca foste interessante. A palavra perdição aplica-se diariamente e monotonamente. Não és ninguém a mais, nem ninguém a menos. Existes como um ninguém que apenas gostava de ser alguém. Mas a vida e demasiado dura para poucas ambições. De ti escrevia um pouco de nada e um nada de tudo. Até que a conheceste. E foi ai, que perdeste o destino incerto. Perdeste a voz, o calor e o coração. E nem por um momento suspeitaste. Pois nesse instante, nessa fracção de segundo tão insignificante que te tornaste alguém. Alguém triste. Porque a tristeza de querer é maior do que aquela que deriva de poder tudo. Querer é poder, mas não é destino. E quando queres o que não consegues tornas-te, de súbito, interessante. Talvez porque nada te foi negado. Ou porque só agora te apercebes que nada te foi dado. Eu vivo da tristeza dos inocentes. Mas tu já não o és. És muito mais do que isso. Tu és luz e som. És líquido e venenoso. És demasiado intoxicante e tao pouco marcante. E com tudo isso e mais um pouco, deixaste que o ar entrasse. Deixas-te à deriva da paixão sem saber realmente o que é. E nesta incerteza de sentimentos que a observas todos os dias. Pensas como seria sem saber como é. Pensas se poderias sabendo que não podes. Pensas que amarias sem saber que já amas. E sabes que mais? Divertes-me. Porque a inocência com que te apaixonaste não é a mesma daquela que te fez apaixonar. Porque ela é fogo e Sangue. É Dor e Dança. É paixão e saudade. O presente nunca se fez sentir. Vive do passado ou do infortúnio daqueles que sonham com um futuro. Caíste na pior armadilha que poderias suspeitar. E não consegues sair. Parabéns, continuar a sugar o Ar de todos os que te rodeiam. Contínuas a sufoca los com o Ar que te pertence. Continuas a abrir todas as feridas que não deixas sarar. Continuas viva, apenas não dás Ar da tua graça.

Caminhos de Pedra

E quando não havia mais nada para desistir. Não haviam mais historias para contar ou mais fins para desejar, desejei apenas partir. Porque, afinal de tudo, o meu fim era para ser escrito sozinha. E assim o fiz. Não há arrependimentos nem sentimentos abanonados. Não existem recordações à deriva nem beijos esquecidos. Simplesmente não existe nada. Apenas uma vaga memoria de um dia ter pertencido a uma historia que não era minha. Apenas uma vaga lembrança de que um dia Amei uma Pedra. Mas era uma simples Pedra no meu caminho.

Grandes Amores.

Existem amores… Existem amores que nos fazem felizes. E tão tristes. Existem amores eternos. E tão maus. Existem amores sem amor, e existem amores com demasiado. E por todas as histórias e por todos os momentos, existem amores presentes no passado. Não é difícil lutar pelo passado, o que é difícil é encarar o presente. É desistir quando o coração resiste. É não olhar para trás quando o corpo prende. É chorar todas as lágrimas do Mundo e nunca acharmos suficientes. Existem amores, e existem Grande amores. E um grande amor não se mede em lágrimas. Um grande amor nunca fala no passado. Nunca teme o presente. Apenas deseja o futuro. E por um grande amor, não desistes. Não insistes. Não tentas nem lutas. Um grande amor acontece. E tu apenas deixas acontecer. E por todos os grandes amores disfarçados. Por todas as vozes e todos os sorrisos. Nunca temas expressá-lo. Teme apenas perdê-lo. Porque apenas temos um grande amor na Vida. E somente um. E tu, desfeita, abandonas a terra maldita. Outrora a terra prometida. Deixa-la com uma lágrima presa nas pestanas. Não hesitas nem olhas para trás. Não sonhas medir o tamanho da tua dor. Também ninguém te pediu. Afinal de contas, acreditam que nem a tens. Sofres, moribunda, com a dor da tua escolha. Mas jamais em algum momento ponderas. A vida é feita de grandes escolhas, e tu fizeste a tua. Abandonas tudo o que te era querido. A aventura de deixar a terra não se equipara a nada. A maior aventura da tua vida será esquece-lo. E tu sabes disso. Apenas não te importas. Porque a escolha destruiu tudo aquilo em que acreditavam. E no derradeiro momento, onde escolhes partir e ele ficar, decides abandonar tudo aquilo que tens direito. Porque apesar de ele ter o direito de ficar, tu jamais terias o direito de partir. Não questionas o peso da tua dor. Não percebes o tamanho da tua aventura. Não deixas saudades. Vais só e partes só. Por ti ninguém espera. Ninguém sente. Ninguém defende. Percebes, apenas não esqueces. A escolha maldita na terra abençoada tornou-te mais forte. Apenas consideravelmente miserável. E tu gostas. Porque e a única punição justa. Não foi a escolha mais difícil. Foi a escolha mais corajosa. Não foi a escolha mais sensata. Foi a Única escolha. Ama-lo nunca foi escolha. Continuar a ama-lo foi. Decidiste partir antes do fim se aproximar. Porque o fim seria demasiado doloroso. As memórias arruinadas. A vida desfeita. ‘Amor, escolhi partir em Vida. Escolhi deixar-te no auge do nosso amor, antes que o fim nos destruísse. Existem amores, e existem grandes amores. Tu foste o meu grande amor, e apenas temos direito a um. Ficam as memórias. Fica a felicidade. Levo comigo a dor de te amar. A vida, que sempre me pareceu curta demais ao teu lado, parece me eterna agora que não te tenho comigo. Amo-te para sempre, onde quer que estejas e o que quer que sejas. ‘