segunda-feira, 30 de março de 2009

Ainda existem noites

Eu nao percebo! continuei a fixar um ponto, sem me querer destacar. Empurravam-me. Pisavam-me. Mas eu nao me queria mexer pá. Estes seres humanos tem uma certa dificuldade em compreender o que é estatico. Nao que eu seja algo estático. Mas nao queria de modo nenhum expressar o alcool que me corria nas veias. Queria ser uma tipa parada no meio do nada, a tentar passar despercebida. Acabei por desistir.
Entretanto, chegamos todas a casa. Nao queria mostrar o monstro chamado fome que ia dentro de mim. Sempre o ignorei porque sinceramente, é o grande culpado pelas minhas peles flacidas. Mas aquele bocado de pizza estava a chamar por mim. Olha merda, comi-a toda. Depois foram os oreos, e as belgas.... Mas belgas já é especialidade da casa. Realmente, esta cena de andar deprimida dá cabo da minha dieta saudavel. Depois quero eu ser ginasta, por este andar nem os joelhos vou conseguir ver.
Mas claro que nao podia ficar por aqui, a susana tinha de filmar tudo, desde dos meus dentes castanhos de chocolate,, até a minha subtil queda da cadeira. Tudo controlado, o importante é ninguem se magoar. Estavamos numa cozinha, sete gajas bebadas é sinonimo de terreno perigoso. Mas acabamos mesmo por ficar pela porno. Nao e que eu me lembre de grande coisa, mas sei que de manha a televisao continuava no mesmo canal. Tenho pena da mae da Vanessa. Pelo menos sei que os preservativos foram enrrolados em papel higienico. Ao menos isso.
Epá a cama é que foi outro circo. Mas que merda pá, calha-me sempre o colchão mais fino. Mas isto tá mal, entao eu sou a mais pesada! Um dia hei de reclamar, pena que estou sempre demasiado bebada para isso. Epa acabei por adormecer com o telemovel colado a testa. Um dia destes hei de ter graves problemas cerebrais, mas ate lá ja devo andar sem neuronios a ter em conta os litros de alcool ao fim de semana. Adiante, acordamos as seis da manha, o que e sempre agradavel para quem tem a cabeça com o peso de Mundo. Mas nada de stresses, há quem chore, há quem coma, eu apenas sorri, e vesti-me. Posso nao ter tido uma noite de sonho, mas pelo menos tenho a certeza que sou feliz nas horas vagas.

sábado, 28 de março de 2009

Coisas


Pintava a cara. Abria os olhos e teimava pintar de preto o que devia ser vermelho. Enrolava as pestanas e molhava os lábios. Olhava ao espelho e sabia que faltava algo. Vestia-me cuidadosamente. Penteava preguiçosamente, os longos fios dourados. Voltava a ver-me ao espelho mas faltava algo de muito importante. Só mais tarde descobri, em plena batida no coração, brilho ofuscante e um som descomunal nos ouvidos. Faltavam-me esperanças.

Limitei-me a esperar pelo tempo, que teimava a avançar depressa demais. A observar aquilo que a minha sobriedade permitia e a tocar naquilo que não podia. O rumo foi lentamente ganhando forma. Com ele, ganhou forma o desejo pelo proibido e por aquilo que me foi negado. Queria pertencer ao lugar que me tinha sido retirado. O tempo esqueceu-se de mim e eu esqueci-me do tempo. Apaguei as pessoas e desliguei as luzes. Despedi-me da festa mas não me despedi de ti. Não preciso. A despedida já foi feita á muito tempo. O relógio bateu as três da manha como quem bate a meia noite. Perdi as esperanças como quem perde o sapato de cristal. Tive o meu fim triste como quem tem um final feliz.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Juras

Sempre jurei demais. Jurei para nunca mais. Jurei para sempre. Jurei que sim e que não. Jurava e duvidava. Duvidava da vida, do tempo, das pessoas, das coisas. Duvidava, se possível, sobre o presente, o passado e o futuro. Mas a única pessoa que jamais duvidei, foi de mim própria. Julgava-me superior a qualquer questão que colocasse. E errei profundamente. Acabei por me colocar em risco de Morte. Acabei por me colocar perante o perigo iminente que me alcançou devagar, iludida pela felicidade aparente. Afinal, foram lágrimas. Afinal, era mais do que o que pensava. Afinal, custou mais do que o que doía. Porque afinal, eram apenas palavras.

Aparentemente, tudo volta ao normal. O tempo dá tempo ao Tempo, para curar as feridas. Estacar o sangue. Para as lágrimas. O tempo dá tempo ao tempo para nós esquecermos. Para nós sorrirmos. Para nós existirmos. O problema, é que o tempo não pode pedir ao tempo, tempo passado, de forma a conseguirmos alterá-lo. Porque o tempo, avança sem parar, e a única coisa que fazemos, é ficarmos parados nele.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Black and White


Quero voltar a viver a preto e branco. Pintar quadros e desenhar esferas. Quero voltar a pisar a água e sentir o corpo frio. Quero voltar a pintar o céu de preto e vestir me de branco. Quero aprender a voar e ensinar a esquecer. Quero ser a revolta e a paz.
Um dia, disseram-me que a vida é uma passagem. Respondi que se fosse uma passagem, então faria delas a melhor de todas. Hoje, responderia apenas aquilo que ela me ensinou. Continuo viva.

Longe




Ainda bem que partes. Devias partir hoje sem demoras nem despedidas. Carrega contigo a culpa e o remorso que esperas abandonar longe daqui. Só eu sei o que me custou. Não custa mais. Tornei-me indolor as tuas mudanças e á tua presença. Mas o mais ridículo de tudo isto, é o facto de a minha vida continuar a girar à tua volta. As minhas palavras. A minha liberdade e a minha luz. O que torna doloroso, é o facto de a ferida não sarar, a lágrimas não saírem, e a dor prender. O que magoa mais, è querer que te tornes lixo, que te tornes sombras e que sejas esquecido. E querer que partas para longe e sem retorno. Que deixes de existir, para que possa levar a minha existência sem ti.

Sobrevivi até aqui.


E amanha?

sábado, 21 de março de 2009









Naquela noite escura, onde nem a lua se atreveu a espreitar. Por entre ruas sombrias onde nem o diabo quer andar. Naquela cidade estranha onde ninguém ousa viver. Num Mundo incógnito que ninguém sabe que existe. Vives tu.
No se vê vivalma. Não se sente. Não se cheira. Nada se mexe. Vagueias perdida. Dou te razão, mas não te dou escolha. Prefiro que permaneças ai, sem rumo nem esperança. Prefiro que te encontres a ti mesma, antes de me encontrares todos os outros. Quero-te no inferno, para te dar o céu. Quero que encontres as sombras para puderes encontrar a luz. Quero-te morta, antes de te querer viva.




Hoje, o vento bateu-me na cara e o cabelo voou para longe. O coração colou-se as costelas e furou-se Não te preocupes, só tinha ar lá dentro. O restinho que sobrava de ti fugiu para longe, por entre muros e pinhais. Não te vou procurar, és pequeno demais para ser encontrado.










quarta-feira, 18 de março de 2009

Folhas de papel


Hoje amarrotei-te. Atirei para o chão a folha de papel à qual pertencias e com ela todos os textos a ti dedicados. As palavras que foram escritas, em vão, acabaram e deixei a música a tocar como pano de fundo. Sentei me na cadeira, na esperança de chorar longas horas a fio, lamentando a minha triste perca. Mas as lágrimas não saíram. Chorei dor em vez de lágrimas. Senti saudades em vez de gritar.
Acabei por ser o teu segredo e maior conquista. E tu, acabaste por ser a minha pequena desilusão e maior derrota.

terça-feira, 17 de março de 2009

Ilusões


Nada fazia prever. A noite chuvosa prometia tudo, menos a tua presença. O serão regado a álcool e a convivências forçadas. A chuva caia e eu lentamente morria. As lembranças, o equilíbrio, a fala, nada me obedecia, era apenas uma sobrevivente no meio de outros tantos. Mas foi então que chegaste. Chegaste sem eu dar conta. No final da noite, o beijo que mudaria os meus tempos futuros foi esperado. Foi aguardado. Foi revelado como sendo uma armadilha fatal para a qual me arrastou. As memórias da minha noite limitam-se a isto.

Hoje, recordo esse beijo com uma certa tristeza. Não por ter acontecido, mas porque não irá mais acontecer. Recordo a chuva com nostalgia e o frio como um velho inimigo. Recordo te a ti com o calafrio característico no estômago. Não mudaste nada. Eu também não. Permanecemos os velhos combatentes. Desejei que estivesses aqui. Desejei que morresses. Desejei que me amasses. Agora apenas desejo que te vás embora. Desejo-o em pensamentos. Quero-te em vida. Continuo a desejar-te como na primeira vez, como se nunca tivesse provado o sabor a morango. O teu sabor. Continuo a desejar te como o fruto proibido. Talvez nunca tenhas passado disso. Talvez o sejas mais do que nunca.

A guerra começa. O purgatório terminou. O pecado deu lugar ao sentimento. Lutas para que isso não aconteça. Sempre lutaste. Lutas porque o teu medo e superior á razão. Lutas porque és cobarde o suficiente para me incluíres no teu fantasioso engano. E foste corajoso demais para me expulsar dele. Lutas para que eu não caia no erro de criar a minha própria ilusão. E eu luto, para te expulsar dela.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Peça Perdida


Procurei te . Rabisquei os lugares mais escuros os sítios mais perigosos. Percorri avenidas e varri cidades. Mas afinal, sempre ai tiveste, no sitio onde te deixei. Continuas vivo. Continuas a lutar por causas perdidas. Por prazeres momentâneos. Continuas a existir para mim.
És a minha peça perdida. És um pedaço de vida á deriva. Ainda por conseguir. Ainda por definhar. Continuas á deriva no sonho e no pensamento, que aflui a qualquer momento sem que eu me prepare. Lá tas tu, tão vivo quanto o olhar transmite. Ainda vibras por dentro e por fora. Ainda existes. Ainda és rei.
Continuo a deriva. Deixo te afastar. Deixo te ir, meu pequeno grande pecado. Sem despedidas nem remorsos. Deixo te governar outro jogo. Outra vida. Ainda és Rei, mas já não tens Rainha.