domingo, 20 de dezembro de 2009

Justiça

Quando o amor falar mais alto, terei a paz de espírito pretendida. Até lá, deixarei que todos os outros vivam no seu engano odioso, em que a felicidade se adia e o sofrimento do presente é banalizado como amor.
Até que todos os outros se transformem no monstro que sempre foram, adiarei o amor. Não preciso de mais enganos perversos, sorrisos falsos ou sofrimentos constantes. Da vida, tiro a paz e a felicidade que ela me dá. Se não a tens, e eu espero que sim, poderei finalmente chegar a conclusão que afinal, a vida é justa.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A minha carta

Com o destino, fica apenas o vencido. Ao meu lado, tenho a tua vida. Atrás de mim, apenas memórias.
As regras moldam-te. A vida transforma-te. O amor vence-te. O desejo cria-te. Eu, apenas te contemplo. E sabes porque? Porque o vencedor fica com tudo.
Percorro o mapa e o teu nome vem nas letras pequenas. Afinal, não eras uma estação, eras apenas um aviso. Não eras uma paragem, eras uma paisagem. E eu, não era uma visitante, era apenas a multidão.
E agora que te vejo, o beijo não se esquece, mas não se merece. Fica no ar entre nós dois. Tu vens, e apertas a minha mão. Olhas-me mas não avanças. Afinal, o muro continua lá. E dizias-te tu vencedor?
Fiquei com tudo, sem ti. E tu ficaste comigo, mas sem nada.

sábado, 12 de dezembro de 2009

O meu batom.





É vermelho. É poder. É meu. E lá vão os tempos em que aparecia borratado na minha boca. Agora, o vermelho funde-se com os lábios com uma força demasiado grande. Querer não basta. Desejar não chega. Temer não é suficiente.

Cuidado, voltámos aos tempos que o vermelho é poder. O vermelho do meu batom, ou o vermelho do teu sangue. A escolha é minha. Mas a dor, é unicamente tua. E não, não tens de me agradecer.

domingo, 6 de dezembro de 2009







Quando pensava que o destino nos dava cartas de felicidade, eis então que me trazes de volta a fatídica realidade.

Então, deixaste-te uma vez mais iludir pelos sonhos imaturos. Fico sem perceber se nunca irás perceber, ou se gostas realmente de sofrer. Fico sem perceber como é a tua vida. Como é seres tu e todos os outros ao mesmo tempo. Porque tu não tens apenas uma cara. Dás a vida pela aparência de algo mais, e esqueces-te de ser quem és.
Ontem, voltaste a vê-lo. Ma sabes melhor do que eu, que a tua dependência está a chegar ao fim. Não porque queres, mas porque ele sempre quis. Assim quis que tu visses e sentisses a felicidade dele, como nunca antes sentiste. Escorregou-te da mão, para a estrada e, de repente, viste-te a ser atropelada. Desvias-te o olhar. Olhaste para o chão, e quando ele já tinha passado, deixou-te para trás com o seu perfume, e a tua tristeza. A verdade já sabias, mas senti-la é diferente. Não tenho pena nem compaixão. O destino, esse, foste tu que o escreves-te. Resta-te aceitá-lo. Vive-lo. Ama-lo e mata-lo. Teu, não será. Cabe-te a ti a decisão de aceitar que seja de mais alguém.
E sabes o que mais te custa? Nunca conseguiste lutar por ele. E eu, gosto disso. Finalmente, sabes o que é desejar algo que nunca te chegou a pertencer.

E tu sorris, fingindo que o teu veneno não se espalha lentamente pelo corpo. Continuas a fingir que tens coração. Não porque queres, apenas porque precisas de uma nova vitima para sobreviver a ti própria.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A felicidade instantanea traz-me momentos de delirio. Vejo-te sem te tocar. E partes antes de te perguntar:

És real?

E acabo sempre por responder por ti:

- Sou demasiado real para o teu Mundo desenhado à mão.

A felicidade deixa-me. No final, só resto eu e as lembranças dos meus dolorosos delirios.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Mais uma noite...





As coisas pressentem-se. Depois dos meses de silencio, decidis-te regressar mais forte que nunca. Não gosto de lhe chamar destino, mas as coincidências nunca existiram. Voltaste a ter o sabor de desejo que outrora tiveste.
Afinal, o tempo nunca espera por nós. Voltei a encontrar-te numa noite chuvosa, para contrastar com as memórias quentes. O coração voltou a bater descompassadamente por um objectivo apagado. Não consegui controlar. Sempre foste uma vontade superior. Avassaladora. Incontrolável. E o que faço eu? Limito-me a deixar que tudo se apague. Deixo-me apagar das tuas memórias, com esperança que tu te apagues nas minhas.
O que queria eu? Comandar o tempo. Voltar atrás. Fazer-me inesquecível demais para ser apagada. Importante demais para uma só noite. Não sei se o fui. Mas sei que tu o foste. Deixaste o mistério para trás. Mas cuidado, o mistério que te envolve pode ser o mistério que te mata. Não duvides. Afinal, o Tempo também te comanda.
Nunca desisti. Mas não luto. Os objectivos fracassados são assim mesmo. Inconstantes e dolorosos. Tu magoas-me, e eu desprezo-te, à espera do dia em que os papeis se invertam



Por favor, dá-me novamente o meu conto de fadas.