domingo, 7 de outubro de 2012

Caminhos

E na euforia dos dias longos e das noites quentes, a tua memoria foi finalmente suprimida. Não apagada nem esquecida. Jamais relembrada ou pouco amada. Apenas dolorosa demais para apagar os momentos felizes. Demasiado impossível para construir sonhos . Demasiado nossa para ser partilhada. De ti, de quem tudo esperei, e por quem tudo chorei, não consigo esperar nada mais. Deste-me toda a dor que poderias ter dado e o escasso amor que nunca prometeste. As promessas ficaram pelo caminho que não quiseste percorrer e apenas se realizaram nos sonhos que ajudas-te a construir. Finalmente, quando as palavras deixaram de ofuscar a verdade, decidi partir em frente. Decidi colocar a razão sobre o coração mal curado. Decidi que existia uma vida sem ti, e tu decidiste que não. Meu amor, a vida é apenas o que fazemos dela. Tu quiseste desistir e nunca o fizeste. Eu desisti de ti quando já não havia mais nada para desistir. Um dia, quando me voltares a ver, finge que não me amas. Finge que não me amaste. Finge que não continuarás a amar. E eu, vou seguir em frente. Não porque te ame, mas porque não fazes parte do caminho.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Lembrar-te.

No final do dia. Quando a felicidade transborda do peito, lembrei me da tua presença incomoda nos confins da minha memória. Lembrei-me do parto do coração que acompanha o teu nome e do sofrimento constante das saudades permanentes. Lembrei-me como seria um dia contigo. Mas desisti. Não porque magoava, mas porque simplesmente já não interessava. Desisti, finalmente, de adivinhar um futuro. Desisti, de adiar o presente. E finalmente, desisti de ti. Mas nunca de mim. E agora, onde a Vida caminha ao lado da felicidade. Tenho medo. Tenho muito medo. Mas muito amor. Porque a verdade, é que sempre tive medo daquilo que me faz feliz. Sempre tive medo da saudade da dor. Sempre tive medo de que um dia, as lágrimas secassem. Perdi o medo. Perdi o amor. Perdi as lembranças. Prefiro perder-te e fazer me perder do que lembrar-te todos os dias.

Hoje, nunca será o dia.

E numa bonita frase de Verão, voltarei a ver-te avançar para mim sem sorrir. Não terei pena, apenas saudades. Avançarás apenas para disfarçar o medo de saberes quem sou ou o que me tornei. Tentarás, inevitavelmente, sentir o perfume que criei. E manterás, do fundo do coração, a escolha inevitável que fizeste. Não por felicidade, apenas porque eu não te escolhi a ti. Um dia, quiseste-me de volta. Quiseste correr numa noite de chuva e esperar a luz na minha janela. Quiseste contratar uma orquestra para me acordar e oferecer-me todas as rosas do mundo. Um dia, percebes-te que era tarde demais. E um dia, eu disse-te que apaguei o mundo que era nosso. Pergunta-te quem és e o que fizeste. Que homem julgas querer ser e que mulher julgas que tens a teu lado. Pergunta-me todas as estrelas do céu e o nome do meu coração. Finalmente, pergunta-me se voltaria para ti e se todas as estrelas do céu já morreram. Tudo o que nasceu, morreu. Tudo o que fomos, já não somos. Tudo o que chorei, já não choro. Tudo o que escolhes-te, já não escolhes de novo.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Sem.

Voltaste. Sabia que não te poderias afastar muito mais tempo. A vida consome-te mais do que aquilo que gostas de admitir. E somente a mim és fiel. Gosto da maneira que te destroem, da maneira que te retiram a armadura negra. Gosto quando deixas de ser cavaleira e, por breves instantes, apenas a Rainha. Mas no final, abdicas do lugar que te pertence, para fazer a justiça que achas que não foi cumprida. Meu amor insano, como te adoro ver sofrer. Como adoro a maneira doentia pela qual te tomam como sua. Como a inconstância que te envolve te devolve a armadura que ficou esquecida. Por ele, e talvez apenas por ele. Mas o jogo estava a arrefecer. Bem vinda de volta. Amanha é um novo dia, e tu ainda agora começaste. As coisas garantidas são as primeiras a fugirem. Um jogo ganho é o maior perdedor. Um beijo roubado é a fuga do coraçao. ‘ Ola Dor Da Minha Vida. Ola minha fiel companheira. Voltei. Sem crimes. Sem testemunhas. Sem alma. Sem forças. Sem ele’.

A escolha.

Quando a vida avançava lentamente, restringida a uma sala bafienta ao som de um relógio de parede, contava os segundos. Contava as horas e os minutos. A marcha lenta proporcionava-me as saudades arrebatadoras e as paixões incuráveis. Dava-me as escolhas de uma vida no tempo de uma estação. Oferecia-me os momentos de coração perdidos entre a perdição. Agora que avança num ritmo alucinante, tenho medo de a acompanhar. Sinto-me derrotada numa sala cinzenta onde nada nem ninguém depende das minhas escolhas. Escolheram por mim tudo o que tive coragem de não escolher e a vida foi-se desenhando fora das janelas. A coragem não falha, assusta. A vida não acaba, apenas avança. Eu não deixo de amar, apenas aprendi a chorar. Tu não sabes perder, mas desconfias que já perdes-te. Eu não te dou a razão, dei-te apenas a escolher. Tu sabes escolher, apenas não quiseste.