segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

From Hell, With Love.

As rosas são bonitas, porque não são perfeitas. Porque tudo o que têm de belo, tem de perigoso. Não há ilusão ou engano. Tudo está perfeitamente delineado nos contornos do caule. Primeiro vem a ilusão, só depois a dor de chegar ao perigo. O vermelho é o chamariz, a dor é o vicio permanente. A rosa é o amor eterno.

Cuidado. Cuida de ti e de todos os outros. Não dependes apenas daquilo que és, mas sim de tudo aquilo que fazem de ti. Vamos fingir que tens um nome. Que tens uma casa e que amas alguém. Vamos supor, indiscutivelmente, que assumes uma cara e uma identidade. Que desenhas um Mundo e consegues viver dentro dele. Vamos supor, que vestes-te todos os dias de quem és, e assumes o eterno como um estado de vida e não como um conto de fadas. E eu, vou fingir que te levo a serio. Vou assumir todas as responsabilidades de te ter como minha. E tu vais fazer o que sempre fizeste. Escreves uma carta de despedida, como tão bem sabes fazer. Despes uma vez mais a máscara de ferro perfeita que criaste, e apagas todos os vestígios mal espalhados. Coleccionar identidades não cria sonhos. Cria pesadelos.

E do fundo do Inferno, tu sorris satisfeita. Não és o que querias, mas também nunca foste tudo aquilo que sempre quiseram. Vives para desapontar, nem que para isso, tenhas de te desapontar também. Podes viver no inferno, mas não podes fingir que ambicionas o Paraíso. O que te falta, é a paz que tiras a todos os outros, e nunca chegas a devolver.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Bater de um coração.

Ignorar-me nunca foi tão bom. Finalmente, deixar de sucumbir à infinita persuasão da escrita e de todos os sentimentos à deriva. Mas não resisti mais. Voltei ao meu maravilhoso e mais cruel vicio, faminta.
A verdade, é sempre a verdade. Nunca comecei nenhum texto com ‘ A mentira’ mas já disse umas quantas delas. Nunca disse ‘ Está a começar’ mas sim’ Finalmente’. Nunca digo ‘ Está a acontecer’ mas sim ‘ Era uma vez’. Porque eu não vivo o presente, limito me a escrever sobre o passado. Não escrevo sobre o que vivo, mas sim sobre aquilo que não chego a viver. Porque a perdição começa ai. Naquilo que poderia ser, e nunca é . O impossível é sempre maravilhoso. O Amor é sempre doloroso. A morte é sempre o final. A vida é sempre o motivo.
Aperceber-me foi fácil. Parar não. Não controlo a parte mais irracional que sobreviveu em mim. Não consigo abdicar daquilo que penso que não me pertence. Não consigo despedir-me em vão de uma causa esquecida. Não, enquanto bater um coração.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Porque eu..

Um dia, queria que tudo fosse desenhado à minha medida. Falhei. Voltei a falhar. E no dia que desisti de ser que sou, eis que alguém me deixa ser o seu Mundo. De repente, vi todos os meus insanos desejos a serem realizados. Tive o meu conto de fadas, sem vilão. Tive o meu primeiro beijo, sem remorsos. E agora?
Agora, vivemos como queremos e como seremos. Vivemos o que desenhamos sem espaço para apagar. Porque entre nós, não existem arrependimentos. Não existe tempo para falhas ou para recuos. Avançamos sem medo naquilo que não sabemos. Eu nunca te quis amar. Eu nunca te quis beijar. Eu nunca quis ser a tal. Mas consegui. Porque querer não basta. Porque desejar não chega. Porque amar nunca é suficiente.
Entre nós, existe o espaço de um erro. E nada mais. Nunca saberemos quem o irá cometer. Mas alguém o fará. O plano nunca foi perfeito, a vida nunca foi um conto, o Amor nunca foi fácil, Eu nunca fui um sonho.
Cuidado, a dor nunca foi o meu pecado. Mas sempre foi o meu vicio. Se não conseguir chegar até ela, vou fazer com que tu chegues. Porque eu gosto dela, e quero-a no auge da sua força. Não quero que sofras, mas quero-a por perto. A vida tem muito mais sabor, quando temos a morte mesmo ao pé. A vida é tudo, quando finalmente percebemos como a Morte não é nada. Amar-me nunca foi tão bom, depois de viveres a Dor de sentir. Morrer nunca foi tão doloroso, depois de sentires o prazer do Pecado. Nunca quis que fosses o meu vício, apenas outro viciado.
Segue-me, mas não me sonhes. Beija-me, mas não me Mordas. Adora-me, mas não me Ames. Vive-me, mas nunca me Mates.’