terça-feira, 7 de abril de 2009

Existencias


Não quero que te tornes uma passagem violenta do meu livro rasgado. Não quero ocupar nenhuma folha de papel com o teu nome. Sabes porque? Porque a tinta com que eu escrevo é permanente.

Acordei com um leve temor pelo dia que se seguiria. Não o esperava agitado. Levantei-me, e as nuvens negras que cobriam o céu, cobriram-me também o espírito. Na verdade, não me importei. Continuei descalça pelo azulejo frio como forma de penitência. Não tinha roupa. Também não precisava. Abracei o frio como um velho inimigo e deitei-me no chão. Permaneci lá horas demais para serem lembradas. Vi e revi o livro da minha vida. No final, decidi rasgá-lo. Desejei que o próximo fosse feito de páginas coloridas e a capa fosse coberta de felicidade. Levantei-me, olhei-me ao espelho, e desejei ser a pessoa que via, e não a que sou. Talvez assim fosse tudo mais fácil. Vesti-me e fui para a rua viver o meu Outono antecipado.

E as folhas caiam no chão para disfarçar as lágrimas que acompanhavam.

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