quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Alma em Agonia


És cruel. És fria. E eu odeio-te.
Porque seres tu, é ser o pior de todos os nossos pecados. É ser a dor e a luz. É seres tu e fazeres de ti mesma. E não basta que te odeiem. Não te basta que te temam. Tu gostas de cada lágrima que provocas. Gostas de cada grito de agonia que dão em teu chamamento. Gostas de seres o pior de cada um de nós, porque não podes ser o melhor.
E eu? Eu limito-me a ver cada uma das tuas vítimas a partir, lentamente. Limito-me a ver-te no limite de cada horizonte, e apelar por ti, em momentos como este. Em momentos de agonia, em que cada dor nos consome e os consome . Em que apenas existe um coração que bate. Uma alma que respira. Uma vida que termina.
E no fundo de cada horizonte, sei que me esperas. Sei que esperas pacientemente uma vingança. Que me irás oferecer o melhor dos teus serviços. E eu sei que não me vou arrepender. Porque no dia em que acontecer, será a mim. E eu nunca serei uma vítima, apenas a derrota de uma inimiga. Será tua Morte, e deixarás finalmente de ser a de todos os outros.

Só porque te odeio. Só porque te és o pior de mim. Só porque és o fim, e nunca me dás mais um principio. Imortalizo cada palavra, venço-te em cada letra. Mato-te em cada frase. Enterro-te em cada texto. Tal como fazes, com aqueles que mais gosto. A ti, minha pequena grande Morte. E que jamais sejas perdoada.
Que se faça luto uma vez mais.

domingo, 24 de outubro de 2010

Às vezes, é apenas demasiado tarde.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010




Passado alguns minutos, consigo aperceber-me que estou no paraíso. Consigo perceber o quanto é bom olharmos para o lado e vermos o quanto é bom o perigo. O quanto é aliciante e fascinante o sorriso desejado. O olhar escondido e, por fim, o toque disfarçado.
Nunca escrevi o fim porque nunca houve um princípio. A lua tem várias fases. O dia tem várias horas. O ano tem várias estações. O coração tem vários momentos. E por fim, a Vida tem várias histórias.
E quando eu correr ao som da campainha, nunca te rias. Porque apenas estou a preencher aquilo que não consegues preencher.

domingo, 10 de outubro de 2010

A vida dá voltas.







Quem diria? Lembro-me de contar todos os dias que faltavam para a chegada destes dias. Lembro-me de esperar por eles e idealiza-los todas as tristes noites que me encontrava sem ti. E lembro-me de ter a certeza que seriam os dias mais felizes que iria ter durante muito tempo. Mas aquilo que mais idealizo, é aquilo que mais me magoa. Aqui estou durante os esperados dias. E sim, sofri apenas mais uma pequena decepção na noite que deveria ser nossa. Tentei construir um futuro tal como tu estás a fazer. Tentei ser feliz com alguém que não fosses tu. Mas não consegui. A verdade, é que descobri um pouco mais do Mundo. Descobri um pouco mais de mim. E um pouco mais da tristeza. E tal como a chuva que caia no céu, caíam também as minhas esperanças. Ele partiu sem olhar para trás. Eu deixei que partisse sem remorsos ou saudades. A verdade, é que não tinha nada para lhe oferecer e ele não tinha nada para me fazer feliz. A verdade, é que o dia irá chegar. A felicidade irá vir. A vida irá começar, como a tua começou muito antes de me conheceres. Cheguei tarde demais, e limito-me a gostar de ti. Tu partiste cedo demais, e limitas-te a viver com o que tens, e não com o que queres.
‘ Ontem não chegou a ser. Mas podia ter sido ‘

domingo, 3 de outubro de 2010

Uma noite...

Adormeci durante uma noite quente e acordei num dia cinzento. É tão estranho quando o Mundo decide virar-se ao contrario e tu nem te apercebes. Ontem foi um desses dias. De repente, vi-me a cair do penhasco. E nem sequer levava roupa.
Nunca tive de fazer comemorações para esquecer outras. Até aquela noite, em que tudo aquilo que me lembrava era os tempos outrora de ouro. Lembrava-me com tanta nitidez, que deixei-me levar pelo momento de saudade que se apoderou de mim. No final da noite, apenas me debatia numa luta interior entre o certo e o melhor. Entre a razão e o impulso. Mas as conclusões desvaneceram-se com o álcool da discórdia. Os erros são sempre esquecidos. Mas desta vez não. A culpa consumiu-me no cinzento da manha, e nada posso fazer para me remediar. E será sempre assim. Será sempre este eterno dilema. Nunca poderei fazer nada para conseguir que estejas mais perto. E tu apenas te vais afastando mais.
Mais tarde, no calor do vinho e da conversa sem interesse, alguém te nomeou. Alguém me falou de um futuro inexistente. E eu acabei por descobrir sozinha que o que me dói não é aquilo que é, mas sim aquilo que podia ser. Descobri que o mais doloroso, não é o presente, mas a inexistência de um futuro. O que dói não é gostar de ti, é a tua retribuição. O que dói não é a negação, é apenas a tristeza que querer e não puder. E o que mais me doeu naquela noite, não foi a tua ausência, foi as memórias da tua presença.

sábado, 2 de outubro de 2010

Não basta ter-te em memorias. Não basta apagar todos os nomes. Não basta lembrar-te. Tens de querer viver. Tens de fazer lembrar-te. Tens de estar aqui.