quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Alma em Agonia


És cruel. És fria. E eu odeio-te.
Porque seres tu, é ser o pior de todos os nossos pecados. É ser a dor e a luz. É seres tu e fazeres de ti mesma. E não basta que te odeiem. Não te basta que te temam. Tu gostas de cada lágrima que provocas. Gostas de cada grito de agonia que dão em teu chamamento. Gostas de seres o pior de cada um de nós, porque não podes ser o melhor.
E eu? Eu limito-me a ver cada uma das tuas vítimas a partir, lentamente. Limito-me a ver-te no limite de cada horizonte, e apelar por ti, em momentos como este. Em momentos de agonia, em que cada dor nos consome e os consome . Em que apenas existe um coração que bate. Uma alma que respira. Uma vida que termina.
E no fundo de cada horizonte, sei que me esperas. Sei que esperas pacientemente uma vingança. Que me irás oferecer o melhor dos teus serviços. E eu sei que não me vou arrepender. Porque no dia em que acontecer, será a mim. E eu nunca serei uma vítima, apenas a derrota de uma inimiga. Será tua Morte, e deixarás finalmente de ser a de todos os outros.

Só porque te odeio. Só porque te és o pior de mim. Só porque és o fim, e nunca me dás mais um principio. Imortalizo cada palavra, venço-te em cada letra. Mato-te em cada frase. Enterro-te em cada texto. Tal como fazes, com aqueles que mais gosto. A ti, minha pequena grande Morte. E que jamais sejas perdoada.
Que se faça luto uma vez mais.

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