domingo, 3 de outubro de 2010

Uma noite...

Adormeci durante uma noite quente e acordei num dia cinzento. É tão estranho quando o Mundo decide virar-se ao contrario e tu nem te apercebes. Ontem foi um desses dias. De repente, vi-me a cair do penhasco. E nem sequer levava roupa.
Nunca tive de fazer comemorações para esquecer outras. Até aquela noite, em que tudo aquilo que me lembrava era os tempos outrora de ouro. Lembrava-me com tanta nitidez, que deixei-me levar pelo momento de saudade que se apoderou de mim. No final da noite, apenas me debatia numa luta interior entre o certo e o melhor. Entre a razão e o impulso. Mas as conclusões desvaneceram-se com o álcool da discórdia. Os erros são sempre esquecidos. Mas desta vez não. A culpa consumiu-me no cinzento da manha, e nada posso fazer para me remediar. E será sempre assim. Será sempre este eterno dilema. Nunca poderei fazer nada para conseguir que estejas mais perto. E tu apenas te vais afastando mais.
Mais tarde, no calor do vinho e da conversa sem interesse, alguém te nomeou. Alguém me falou de um futuro inexistente. E eu acabei por descobrir sozinha que o que me dói não é aquilo que é, mas sim aquilo que podia ser. Descobri que o mais doloroso, não é o presente, mas a inexistência de um futuro. O que dói não é gostar de ti, é a tua retribuição. O que dói não é a negação, é apenas a tristeza que querer e não puder. E o que mais me doeu naquela noite, não foi a tua ausência, foi as memórias da tua presença.

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