sábado, 31 de outubro de 2009

A descoberta. I

Apenas mais um dia cinzento. O nome que lhe era atribuído servia de desculpa para a atribulação dos corpos. Não conseguia esperar nada mais do que aquilo que me era dado. Limitei-me a caminhar por aquele cemitério sem destino. Parava para olhar as fotos e ler as frases desprovidas de sentimento gravadas. Olhar em volta e ver os vivos a velarem pelos seus mortos. Uns choravam, outros nem sequer os conheciam.
Foi então que cheguei aquele tumulo. O branco imaculado não me surpreendeu. Só a data. Tinha a minha idade. Tinha o nome proibido. E jazia no chão que eu pisava. Consegui perceber a cara, as expressões e o sorriso. Não pisámos o Mundo no mesmo tempo, nem na mesma geração. Faleceu antes da minha chegada. E lá estava eu, a olhar para o túmulo imaculado, decorado com rosas brancas. Permaneci lá mais um bocado, esperando encontrar uma resposta. Não encontrei. Vim para casa. Não encontro ninguém que me de a paz de espírito que encontrei ali. Não e uma pergunta, é uma afirmação.

O que acontece quando as almas se desencontram?

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