terça-feira, 3 de novembro de 2009

A tarefa III

Fugi. As caras que me perseguiam colocam-me no limite das forças. Escondi entre os dedos as marcas da minha loucura. Mas sabia que não era ali que queria estar. Passei os portões da escola sem olhar para trás. Não simbolizavam nada mais do que aquilo que realmente são. A entrada do inferno. Abandonei a vida quando ela me abandonou a mim. E voltei a fugir.
A cobardia insensata que predomina em mim e o desejo insano de me salvar de todos os outros levou-me uma vez mais aquele cemitério. Voltei a passar os Portões. Não tive medo como outrora tivera. Apenas me senti sozinha, porque sabia que ali, não tinha ninguém que me ouvisse. Dirigi-me ao tumulo dele. Sentei-me e olhei demoradamente para a fotografia. Já não consigo contentar-me com aquela fotografia. Está gasta de tanto a olhar. Está vazia de tanto o esperar. Está interdita de a morte nos separar. Se gostaria de morrer? Esta não é a verdadeira pergunta. Se gostaria de viver? Apenas sobreviver.
A mulher chegou por de trás de mim e olhou-me nos olhos. Não fez perguntas. Sabia que não ia responder. Limitou-se a sentar ao meu lado e declarou:

“ As promessas são para cumprir, e eu nunca consegui cumprir a que fiz ao meu filho”

Tenho uma tarefa para terminar.

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