sábado, 28 de novembro de 2009

Momentos

Ontem vi-te. A noite que nos envolvia não deixou que te envolvesse com o meu olhar. Não deixou que te visse nitidamente as feições. Não me deixou matar as saudades. Mas eras tu. Durante meses, ignorei a tua existência. Desisti de te procurar nos teus lugares. Desisti da esperança. Até que, te atravessaste mais uma vez no meu caminho.
A inocência da saía. A pureza do acto e o silêncio da noite. Tudo num só segundo. Deste-me aquilo que eu te queria dar, desprezo. Mas como sempre, antecipaste-te a mim. Do beijo à despedida. Tu sentiste-me muito antes do que eu a ti. Deixei que os contornos do momento fossem desenhados pela multidão, sem saber que fazias parte dela.
Sabes? Será que sabes a dimensão do que sou? Sabes, e por isso me desprezas. Não me julgo mais do que sou, tu é que me julgas. Julgas-me capaz de me atravessar no teu caminho. Mas eu não o fiz. E é isso que te assusta. Antecipas-te a mim, porque nunca consegues prever o meu próximo passo, sem saber que o dás primeiro que eu.

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